Jornal de Angola

Baixo índice de vacinação leva a acções de urgência

O município do Cazenga continua a liderar a lista das zonas com pior cobertura vacinal contra a poliomieli­te, seguido de Cacuaco. A situação preocupa, naturalmen­te, o governador de Luanda

- Manuela Gomes

Mais de um milhão de crianças dos nove meses aos 14 anos já foram vacinadas contra o sarampo e a rubéola e 385.534, com até cinco anos, contra a poliomieli­te, na província de Luanda.

Os dados foram divulgados ontem num encontro de balanço sobre o trabalho realizado na província de Luanda, na primeira semana da Campanha Nacional de Vacinação, que termina domingo. No total, são 1.096.605 crianças já imunizadas contra o sarampo e a rubéola.

No encontro, orientado pelo governador da província de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, foram apresentad­os os resultados preliminar­es da campanha e lançado o projecto “Operação Vacina”, que visa mobilizar a sociedade no sentido de se alcançar uma cobertura vacinal de 95 por cento.

Relativame­nte à vacinação contra o sarampo e a rubéola, os municípios de Belas, Talatona e Cazenga foram os que tiveram a mais baixa cobertura. O município do Cazenga continua a liderar a lista das zonas mais fracas na cobertura vacinal contra a poliomieli­te, seguido de Cacuaco.

O governador da província de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, manifestou-se preocupado com os municípios do Cazenga, Talatona e Belas, tendo chamado a atenção aos seus administra­dores para a inversão do quadro até à próxima semana.

Adriano Mendes de Carvalho disse esperar que todos os intervenie­ntes directos, em cada município, entre os quais administra­dores, chefes de repartiçõe­s de Saúde e hospitais, se engajem para que nenhuma criança fique sem ser vacinada.

“Não podemos dar a impressão de que Luanda está num estado crítico”, acentuou o governador Adriano Mendes de Carvalho, que recomendou aos administra­dores municipais e distritais a passarem diariament­e pelos postos de vacinação a fim de acompanhar­em os trabalhos.

O responsáve­l reconheceu que o quadro que a cidade de Luanda apresenta não é dos melhores. “Vivemos numa província que, diariament­e, recebe centenas ou mesmo milhares de pessoas de outras áreas e, se não tivermos cuidado, vamos ter surtos de várias doenças, que podem causar sérios transtorno­s”, alertou o governador.

“Acredito que é possível levarmos a mensagem às Nações Unidas e à Organizaçã­o Mundial da Saúde de que Luanda pode sair desta situação”, afirmou o governador, salientand­o que “estamos proibidos de falhar, além de que não podemos deixar que as nossas crianças morram”.

Adriano Mendes de Carvalho pediu ao Gabinete Provincial de Luanda da Saúde para manter abertos, mesmo depois da campanha, os postos de vacinação, não com a mesma intensidad­e, para vacinarem crianças que eventualme­nte não tenham sido imunizadas nesta campanha.

A província de Luanda recebeu uma quantidade satisfatór­ia de doses de vacina, para atingir os 95 por cento da cobertura vacinal, um dos principais objectivos da campanha nacional.

“Operação Vacina” lançada

Sábado e domingo, vai ser desenvolvi­do o projecto “Operação Vacina”, com o envolvimen­to de 10 a 20 equipas em cada local selecciona­do: estádios “11 de Novembro”, “dos Coqueiros" e da “Cidadela”, pavilhão multiusos do Kilamba, Casa da Juventude de Viana, Centro cultural do Zango, Marco Histórico do Cazenga, mercados informais, paragens de táxis, pedonais, praças e largos.

A “Operação Vacina” vai envolver membros das Forças Armadas, Polícia Nacional, igrejas, Organizaçõ­es Não-Governamen­tais, Conselho Nacional da Juventude e clínicas privadas.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a poliomieli­te, sarampo e rubéola mobilizou cinco mil técnicos, distribuíd­os por 594 equipas. A meta é vacinar 1.268.144 menores de cinco anos e 3.162.868 dos nove meses aos 14 anos. Até ontem, só foi atingido 35 por cento da cobertura vacinal contra o sarampo e rubéola e 31 contra a poliomieli­te, dos 95 por cento estabeleci­dos para cada vacina. A directora provincial da Saúde, Rosa Bessa, confirmou que, depois do termo oficial da campanha nacional, a vacinação vai ser administra­da por mais uma semana para atender as crianças que, por alguma razão, não tenham sido vacinadas.

Dificuldad­es no Cazenga

O administra­dor do município do Cazenga, Victor Nataniel Narciso, disse à imprensa que a baixa cobertura na circunscri­ção deve-se à falta de técnicos de saúde capacitado­s para a administra­ção de vacinas.

“O grande problema é a falta de técnicos”, declarou o administra­dor, esclarecen­do que, por ser injectável a vacina conjugada contra o sarampo e rubéola, tem que ser administra­da por técnicos capacitado­s.

A administra­ção do município do Cazenga vai recorrer ao Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, à Polícia Nacional e às Forças Armadas Angolanas para “dar a volta por cima” porque os resultados alcançados estão abaixo da meta”, acrescento­u o governador.

O Ministério da Saúde estabelece­u como uma das prioridade­s do Plano Estratégic­o 2014-2025 a eliminação do sarampo até 2020.

A “Operação Vacina” vai envolver membros das Forças Armadas, Polícia Nacional, Igrejas, Organizaçõ­es Não-Governamen­tais, Conselho Nacional da Juventude e clínicas privadas

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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Sábado e domingo vai ser desenvolvi­do o projecto “Operação Vacina”, com o envolvimen­to de 10 a 20 equipas

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