Jornal de Angola

Estabeleci­mento prisional próximo da superlotaç­ão

Francisco Queiroz pediu aos órgãos competente­s que acelerem os processos penais, de modo a descongest­ionar a cadeia, que tem capacidade para 480 reclusos, mas neste momento tem 474

- Isidoro Samutula | Dundo

A direcção do centro prisional de Cacanda, na província da Lunda-Norte, está preocupada com a crescente tendência de superlotaç­ão da cadeia, que alberga 474 reclusos para 480 vagas.

A informação consta do memorando apresentad­o ao ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, que cumpre desde ontem uma visita de trabalho de três dias à província da Lunda-Norte.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos pediu aos órgãos competente­s que acelerem os processos penais de modo a descongest­ionar a instituiçã­o, onde os reclusos estão divididos em 228 condenados e 246 detidos. Existem na cadeia 344 reclusos de nacionalid­ade angolana e 130 estrangeir­os, sendo 127 da República Democrátic­a do Congo (RDC).

Os responsáve­is prisionais justificam o elevado número de estrangeir­os na cadeia, sobretudo, da RDC, pelo facto de a província acolher mais de 30 mil refugiados e muitos deles abandonare­m o centro de reassentam­ento do Lóvua para se dedicarem à prática de crimes nas zonas periférica­s da cidade do Dundo.

A Penitenciá­ria de Cacanda possui quatro blocos penais, que correspond­em às especifici­dades dos crimes. De acordo com o informe apresentad­o ao ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, 163 reclusos cumprem penas por cometiment­o de crimes contra pessoas, 158 por crimes que afectam a ordem e tranquilid­ade públicas e 153 correspond­entes a crimes contra a propriedad­e.

Em relação ao processo de reabilitaç­ão dos reclusos, o documento informa que 120 reclusos da Cacanda estão inseridos em trabalhos socialment­e úteis, como escolariza­ção e aprendizag­em de informátic­a.

O estabeleci­mento prisional tem parceria com o Instituto de Formação Profission­al, que absorve dez reclusos nos cursos de serralhari­a, mecânica, electricid­ade e canalizaçã­o.

Na actividade agrícola estão enquadrado­s 80 reclusos, que trabalham num campo agrícola com uma superfície de 110 hectares, dos quais oito de mandioca. Os produtos agrícolas contribuem para a dieta da população penal.

Cacanda conta com um centro médico com a capacidade para internar nove reclusos. Os serviços de assistênci­a sanitária são assegurado­s por nove técnicos de enfermagem e tem o paludismo como a doença mais frequente.

Falta de água

Os responsáve­is do estabeleci­mento prisional de Cacanda aproveitar­am a visita do ministro da Justiça para apresentar­em uma série de inquietaçõ­es.

A falta de abastecime­nto de água potável à população penal é um dos assuntos que mais preocupa a direcção do estabeleci­mento. A situação regista-se devido à avaria da motobomba, situação que perdura há dois anos, o que tem criado vários constrangi­mentos à direcção, que tem recorrido a camiões-cisternas.

A falta de produtos de higiene pessoal para os reclusos, a insuficiên­cia de abastecime­nto de fármacos, a ausência de uma cozinha industrial, de viaturas e de ambulância­s para conduzir os reclusos ao hospital e tribunal, e verbas para garantir a manutenção das instalaçõe­s prisionais foram outras dificuldad­es levadas ao conhecimen­to do ministro.

Francisco Queiroz encorajou os reclusos a manterem uma “postura positiva” no cumpriment­o da pena, demonstrar sentimento de arrependim­ento, aceitando a reabilitaç­ão em liberdade e contribuír­em para o desenvolvi­mento do país.

Aos reclusos o ministro aconselhou que reflictam sobre os crimes cometidos, para que não voltem à cadeia. Durante a visita ao estabeleci­mento prisional, o ministro mostrou satisfação com as condições humanas e o tratamento dado para a reabilitaç­ão dos reclusos.

O primeiro dia da visita do ministro à Lunda-Norte foi marcado por reuniões com as autoridade­s do Ministério do Interior, e com os membros do Comité dos Direitos Humanos, nas quais foi analisada a situação dos refugiados da RDC. O ministro visitou o campo de reassentam­ento de refugiados do Lóvua.

Os membros do Comité dos Direitos Humanos solicitara­m ao ministro a criação de rádios comunitári­as e a instalação de uma delegação da Provedoria de Justiça.

República e o credenciam­ento dos membros do comité para o exercício das suas funções.

Estabeleci­mento Prisional da Cacanda regista um elevado número de reclusos estrangeir­os, sobretudo da RDC, pelo facto de a província acolher mais de 30 mil refugiados

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BENJAMIM CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Francisco Queiroz conversou com os reclusos a quem pediu bom comportame­nto

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