Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ANTÓNIO SILVA Catete MARIA VAZ Samba ALBERTO COSTA Cassequel

As nossas empresas

Escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola e com todo o gosto e preocupaçã­o por causa do que tende a tornar-se já um problema nacional: a maka das empresas e as suas responsabi­lidades fiscais. Nunca vi e ouvi tanta reclamação de pessoas que falam em nome de empresas que estão em dificuldad­es para honrar os mais variados compromiss­os. Há dias acompanhei o administra­dor do Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), Samora Kitumba, a solicitar mais flexibilid­ade por parte da Administra­ção Geral Tributária (AGT) em relação às pequenas empresas. Na verdade, ouvem-se reclamaçõe­s por parte de numerosos empresário­s, embora nem sempre justas, é verdade, mas que ainda assim, deve sempre ser tida e achada por quem de direito. Ninguém duvida de que a economia angolana precisa de mais empresas para garantir emprego e a sua diversific­ação. Mas para muitos e nesta altura, as pequenas e médias empresas estão sujeitas a vários impostos e multas, situação que está na base do encerramen­to de muitas delas. Urge a criação de uma comissão para estudar o actual debate para nos certificar­mos de que ou as pessoas estão efectivame­nte a falar a verdade, quando alegam que as empresas estão a ser sobrecarre­gadas, ou na verdade, o que se passa é que muitas delas pretendem fugir aos compromiss­os.

Gradualism­o nas autarquias

O debate político actual tem muito a ver com gradualism­o das eleições autárquica­s, numa altura em que a UNITA parece mais ortodoxa ao persistir, se calhar com alguma razão, na necessidad­e de se evitar o gradualism­o. Mas em minha opinião, nesta modesta carta, é preciso esgotar todas as formas e conteúdos por via dos quais todos os intervenie­ntes pretendem que o processo ligada à realização das eleições autárquica­s tenham lugar. Sem defender a posição deste ou daquele, vale dizer que no fundo é preciso que as partes avaliem bem o custo e benefício da realização em simultâneo em todos os 164 municípios, ainda que alguns venham a ser fundidos, ou da realização gradual. Na verdade, não sei se teremos recursos humanos, financeiro­s e materiais suficiente­s para, de uma só vez, começar ao mesmo tempo em todo o território nacional as eleições autárquica­s. Se por exemplo, o número de parcelas de terra que se tornarão autarquias forem mais cem, não há dúvidas de que os recursos vão ser gigantesco­s e não sei se o país vai poder arregiment­ar para de uma só vez e em simultâneo realizar as eleições autárquica­s em todo o país. Para terminar, gostaria que os políticos não fizessem do debate político o prolongame­nto das suas divisões ideológica­s, arrastando e adiando o que mais útil se podia retirar de tudo isto.

Apreensão de combustíve­l

Já muito se falou sobre o contraband­o de combustíve­l na zona fronteiriç­a entre a República de Angola, o nosso querido país, e a República Democrátic­a do Congo (RDC). Não sei se com a conivência das autoridade­s e cidadãos nacionais, associados em verdadeira­s acções semelhante­s a uma máfia, a verdade é que o combustíve­l acaba fluindo pela fronteira fora. Segundo informaçõe­s recentes, divulgadas pelos meios de comunicaçã­o, cento e cinco mil litros de gasóleo foram apreendido­s, nos últimos sete dias, na comuna do Buela, município do Cuimba (Zaire), pela polícia. Segundo a mesma informação, o produto estava a ser transporta­do para a República Democrátic­a do Congo (RDC), de forma ilegal, para ser comerciali­zado. Insisto, não sei como é que milhares de litros de combustíve­l, num país que também importa para consumo interno, acabam sendo reexportad­os para outros países. Com a agravante de que, apesar destas coisas serem reincident­es, nunca se responsabi­liza ninguém.

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