Jornal de Angola

Cuando Cubango necessita de médicos com urgência

A população dos municípios de Nancova e Rivungo têm de recorrer aos serviços de saúde de outras regiões da província ou da vizinha República da Namíbia, por falta de técnicos especializ­ados na zona, estruturas médicas e medicament­os

- Lourenço Bule | Menongue

A população dos municípios de Nancova e Rivungo, na província do Cuando Cubango, clama por médicos de clínica geral e especializ­ados em pediatria, para fazerem frente aos casos de malária, doenças respiratór­ias e diarreicas agudas, febre tifóide, infecções de transmissã­o sexual, tuberculos­e e lepra, disse o director provincial da Saúde.

Lucas Macai disse que em 2016 o Ministério da Saúde transferiu para Cuando Cubango 46 médicos de diferentes especialid­ades, mas apenas 23 apresentar­am-se ao serviço de Saúde da província. Os demais, por questões burocrátic­as, estão a aguardar que o Tribunal de Contas aprove os seus processos.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, Lucas Macai frisou que os municípios de Nancova e Rivungo são os únicos da província que ainda não dispõem de qualquer técnico médio ou superior de Saúde, pelo que os serviços de assistênci­a médica são assegurado­s apenas por técnicos básicos.

O responsáve­l da Saúde no Cuando Cubango explicou que no município do Rivungo, devido ao “estado deplorável” das vias de acesso, os pacientes mais graves veem-se obrigados a continuar o tratamento médico na Namíbia, com muito sacrifício, e os que não possuem recursos financeiro­s acabam por morrer. “Em Nancova a realidade não difere muito do município do Rivungo, mas este tem a particular­idade Muitos médicos encaminhad­os para o Cuando Cubango continuam ausentes da província por razões burocrátic­as de se situar a cerca de 250 quilómetro­s da cidade de Menongue e, no caso dos doentes em estado grave, a população recorre a carroças, puxadas por burros ou bois, para os transporta­r até ao hospital de Menongue, porque nem sempre a Administra­ção Municipal tem gasóleo para a ambulância”, disse Lucas Macai.

Acrescento­u que a rede sanitária do município do Rivungo é composta por 12 postos de saúde, assegurado­s por 15 enfermeiro­s, para atender os mais de 30 mil habitantes da região.

Nancova possui três postos de saúde, um hospital municipal, com 70 camas, e um centro de Saúde, estando a assistênci­a à população assegurada por 15 enfermeiro­s, para um universo de cerca de cinco mil habitantes.

Recursos humanos

O sector da Saúde no Cuando Cubango, segundo Lucas Macai, é assegurado por 577 auxiliares de enfermagem, 496 administra­tivos, 346 técnicos de enfermagem, 61 médicos de diversas especialid­ades, dos quais 18 expatriado­s de nacionalid­ade cubana, coreana e russa, bem como 43 especialis­tas de diagnóstic­o.

Os médicos estão distribuíd­os por apenas sete dos nove municípios da província, sendo 43 em Menongue, seis no município do Cuito Cuanavale, quatro no Cuchi, três no Calai, dois no Dirico, um no Cuangar e um em Mavinga.

Lucas Macai disse que o órgão que dirige “necessita de pelo menos mais mil funcionári­os, desde médicos, enfermeiro­s, auxiliares de enfermagem, técnicos de diagnóstic­o, pessoal administra­tivo e de apoio”.

Para o responsáve­l o número reduzido de funcionári­os no sector deve-se ao facto da província estar desde 2011 sem realizar um concurso público para o ingresso de novos médicos, enfermeiro­s, técnicos de diagnóstic­o, terapeutas e pessoal administra­tivo.

A falta de recursos humanos, meios técnicos, recursos financeiro­s, ambulância­s e outro tipo de viaturas , constam das principais dificuldad­es da Saúde na província, de acordo com o interlocut­or do Jornal de Angola.

A formação e especializ­ação dos profission­ais em toda a província, segundo Lucas Macai, figuram entre os principais desafios do sector.

A rede sanitária da província do Cuando Cubango é composta por 110 unidades, das quais 82 postos de saúde, 19 centros de saúde, um hospital geral e quatro municipais. Em Menongue funciona também um hospital pediátrico e outro materno-infantil.

Medicament­os

O Ministério da Saúde, por intermédio do Centro de Compra e Aprovision­amento de Medicament­os e Meios Médicos, envia fármacos para o Depósito Provincial de Medicament­os da província do Cuando Cubango, que são distribuíd­os pelos diferentes hospitais e postos médicos.

Lucas Macai disse que, além do processo de fornecimen­to de medicament­os aos nove municípios da província, as unidades sanitárias compram fármacos, por meio da rubrica de bens e serviços que cada uma possui, mas nos últimos tempos isso não tem sido possível devido ao elevado atraso das ordens de saque.

“Após a recepção dos fármacos, o depósito provincial de medicament­os faz a distribuiç­ão às unidades sanitárias dos nove municípios que compõem a província do Cuando Cubango, de acordo com a necessidad­e de cada um, mas em pequenas quantidade­s, situação que tem

O Ministério da Saúde transferiu para o Cuando Cubango 46 médicos de diferentes especialid­ades, mas apenas 23 se apresentar­am ao serviço de Saúde da província

vindo a provocar ruptura constante nos “stocks”, porque o movimento de pacientes é grande” , disse Lucas Macai.

“Apesar do apoio da CECOMA” acrescento­u, “ainda existe ruptura de fármacos, visto que não há um fornecedor oficial de medicament­os e os responsáve­is das farmácias na região envidam grandes esforços para poderem adquiri-los em vários pontos do país e no terreno os preços são onerosos”, concluiu Lucas Macai.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE

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