Jornal de Angola

PERISCÓPIO Socorro, sra. ministra

- Luciano Rocha

O luandense tem, cada vez mais, dificuldad­e em definir e expressar o que lhe vai na alma face àquilo em que se transformo­u a capital devido à inoperânci­a dos organismos que deviam zelar pelo seu bem-estar.

Aos que estão à frente daqueles organismos junto os que colaboram pelo silêncio. Neste grupo, junto os deputados da Assembleia Nacional. Não apenas os eleitos por Luanda que, por isso mesmo, têm responsabi­lidades acrescidas, mas os outros. Todos eles, afinal, vivem em Luanda. Se não vêem o que aqui se passa é por não quererem. E não venham com “desculpas de maus pagadores”. Como poucos, podem fazer ouvir a voz. Para deles fazerem a indignação do cidadão comum sobre o que se passa na capital, um “arquipélag­o de desmazelos”. Mas, provavelme­nte, estão a discutir marcas, modelos, cores dos carros que lhes são postos à disposição. Quiçá, roupas, perfumes, negócios. Da acção deles e daqueles postos em lugares por todas as razões, menos a da competênci­a, pouco ou nada espero.

A minha esperança vai direitinha para a ministra da Saúde. Tem de ser ela a “dar o murro na mesa”, gritar “chega”. A explicar que de pouco valem campanhas de vacinação, aumento do número de estabeleci­mentos de saúde, médicos e outros técnicos do sector, enquanto não for resolvido o problema da higiene pública. Que não é somente de Luanda, mas é a ela que me refiro em particular. A recolha é feita quando calha e não raro a fingir. Faltam contentore­s, grande parte sem tampas. Por isso sobra lixo na companhia de moscas, ratos, todas as fontes de doenças. Que fazem encher hospitais e morgues. Socorra Luanda, senhora ministra.

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