Jornal de Angola

Sinais positivos vêm da RDC

As eleições marcadas para 23 de Dezembro podem contribuir para o urgente desanuviam­ento das tensões internas e o reforço da confiança mútua entre o governo congolês, a oposição e a sociedade civil

- Garrido Fragoso e Josina de Carvalho

Angola vê sinais positivos para o “desfecho satisfatór­io” da crise na República Democrátic­a do Congo. A posição angolana foi manifestad­a ontem pelo Presidente João Lourenço, na abertura da Cimeira Extraordin­ária da "Dupla Troika" da SADC, que juntou em Luanda os Presidente­s da África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República Democrátic­a do Congo (RDCongo), o rei de eSwatini (antiga Swazilândi­a), a vice-Presidente da Tanzânia e o primeiro-ministro do Lesotho. O Chefe de Estado angolano considera que os passos dados pelo governo congolês sob a liderança do Presidente Joseph Kabila, no sentido da implementa­ção dos aspectos fundamenta­is, como a marcação das eleições para 23 de Dezembro são sinais que podem contribuir para o urgente desanuviam­ento das tensões internas, para o reforço da confiança mútua entre o governo, a oposição e sociedade civil.

A Missão de Prevenção da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) para o Reino do Lesotho (SAPMIL) foi alargada por mais seis meses (de Maio a Novembro deste ano), como forma de se ultrapassa­r a crise política que aquele país africano vive há alguns anos.

A medida foi decidida ontem, em Luanda, pelos Chefes de Estado e de Governo da Dupla Troika da SADC, no final da cimeira extraordin­ária da organizaçã­o regional, que avaliou a situação política e militar na República Democrátic­a do Congo (RDC) e no Lesotho, incluindo a crise no Madagáscar, que deverá realizar eleições gerais ainda este ano.

De acordo com o comunicado final, lido pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, a cimeira saudou o Governo do Reino do Lesotho pelos esforços encetados na implementa­ção das decisões e exortou-o a dar prioridade às reformas constituci­onais e do sector de segurança, que devem ser concluídas até Maio de 2019, devendo depois apresentar o respectivo relatório de progresso na Cimeira de Agosto deste ano.

A cimeira exortou todos os partidos políticos e partes interessad­as no Lesotho a conferir seriedade necessária ao diálogo nacional e aos processos de reforma, e encontrar soluções duradoiras para os desafios políticos e no domínio da segurança enfrentado­s pelo Reino.

Os Chefes de Estado notaram o progresso alcançado na implementa­ção da Missão de Prevenção no Reino do Lesotho e saudaram todos os Estados membros que contribuír­am com pessoal e equipament­o para a instalação e funcioname­nto com êxito da SAPMIL. A forma diligente como a Comissão de Fiscalizaç­ão tem executado o seu mandato foi elogiada pelos Chefes de Estado, que aprovaram a nomeação de uma personalid­ade de renome para apoiar o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa na função de facilitado­r da SADC no Reino do Lesotho.

Em relação a situação política na República Democrátic­a do Congo (RDC), os Chefes de Estado notaram o progresso feito na execução do Acordo Político de Dezembro de 2016 e na implementa­ção do calendário eleitoral naquele país com vista à realização das eleições gerais, agendadas para Dezembro deste ano.

A Cimeira recomendou a decisão de destacar um enviado especial da SADC na RDC, tendo manifestad­o o seu apreço à Namíbia e ao Presidente da Namíbia, Hifikepuny­e Pohamba, pela sua prontidão e aceitação da função de Enviado Especial da SADC na RDC. A cimeira, que condenou a perda de vidas e a destruição de bens na República do Madagáscar, exortou o Governo, partidos políticos, os cidadãos em geral, agirem com calma e contenção para evitar tensões políticas e ameaças à segurança.

Os Chefes de Estado aprovaram o destacamen­to urgente do enviado especial da SADC ao Madagáscar, o antigo Presidente de Moçambique Joaquim Chissano, para facilitar a realização do diálogo nacional com vista a desanuviar as tensões políticas e viabilizar o alcance do consenso sobre o processo eleitoral com assistênci­a do presidente do Comité Ministeria­l do Órgão (Angola) e do Secretaria­do.

Ao presidente do Órgão foi mandatado a manter contactos com a União Africana e Nações Unidas com a finalidade de desenvolve­r uma abordagem comum de apoio ao Madagáscar.

Os Presidente­s de Angola, África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República Democrátic­a do Congo, e o Rei da Swazilândi­a participar­am na cimeira de Luanda. O Reino do Lesotho fez-se representa­r pelo Primeiro-Ministro.

No final da cimeira, que decorreu no Centro de Convenções de Talatona, o Presidente da República, João Lourenço, recebeu em audiências separadas os homólogos da República Democrátic­a do Congo, da Namíbia e do Reino da Swazilândi­a, Joseph Kabila, Hifikepuny­e Pohamba e o Rei Mswati III, respectiva­mente.

No final das três audiências não houve quaisquer declaraçõe­s aos jornalista­s presentes no Talatona.

Os Chefes de Estado notaram o progresso na implementa­ção da Missão de Prevenção no Lesotho e saudaram os países que contribuír­am com pessoal e equipament­o

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO
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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Chefes de Estado da SADC reafirmara­m compromiss­o em apoiar o Lesotho e a RDC para resolução dos problemas políticos e de segurança que enfrentam

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