Jornal de Angola

Faltam meios à PGR para recolher provas

O sub-procurador Geral da República no Cunene lamenta falta de meios de transporte e recursos financeiro­s

- Adelaide Mualimusi | Ondjiva Lourenço Bule| Menongue João Upale | Moçâmedes

O Ministério Público no Cunene tem dificuldad­es na recolha de provas em muitos processos, devido à falta de condições de trabalho, no âmbito da instrução preparatór­ia dos processos-crime. O sub-procurador geral da República na província, José Kanbinda, que anunciou o facto, acrescento­u que faltam meios de transporte e recursos financeiro­s para efectuar diligência­s.

O Ministério Público no Cunene enfrenta inúmeras dificuldad­es na recolha de provas em muitos processos, devido à falta de condições de trabalho, no âmbito da instrução preparatór­ia dos processos-crime, informou o sub-procurador geral da República no Cunene.

José Kanbinda, que falava na abertura da Semana da Legalidade da PGR, que decorre sob o lema “O Ministério Público no combate à corrupção e à impunidade”, disse que há falta de meios de transporte e recursos financeiro­s para efectuar diligência­s.

Em relação ao movimento processual, o magistrado indicou que desde Abril de 2017 a PGR na província recebeu 2.688 processos-crime, que resultaram na constituiç­ão de 3.260 arguidos, 156 dos quais foram conduzidos à cadeia e 25 estrangeir­os repatriado­s.

O sub-procurador geral da República destacou igualmente que, na área contravenc­ional, foram registadas 166 infracções migratória­s, sendo 28 expulsões administra­tivas, 28 expulsões judiciais, 150 estabeleci­mentos de filiação, 222 pedidos de pensão de alimentos e 31 de tutela obrigatóri­a, entre outros.

José Kanbinda informou que a instituiçã­o no Cunene funciona com nove magistrado­s, sendo cinco no Tribunal Provincial, um junto do SIC, um no Serviço de Imigração e Estrangeir­os (SME) e dois no SIC dos municípios de Namacunde e Om- badja, número que considerou escasso face à demanda processual.

Na palestra sobre a corrupção e o branqueame­nto de capitais, o procurador Dionísio Melo de Jesus destacou os instrument­os jurídicos em vigor no país que disciplina­m as actividade­s dos servidores públicos, bem como os direitos e os deveres dos cidadãos.

Dionísio Melo de Jesus referiu que a corrupção cria fortes dificuldad­es no mercado, afectando as instituiçõ­es públicas e privadas. Lembrou que o servidor público deve observar sempre a legalidade no exercício das funções, respeitar a propriedad­e pública, agir com imparciali­dade e cumprir as leis com zelo.

Poucas denúncias

No Cuando Cubango, o subprocura­dor Geral da República na província, João Nelson Lima, disse que são poucas as denúncias de casos de corrupção que chegam directamen­te ao conhecimen­to do Ministério Público.

De acordo com o magistrado, o que se regista, às vezes, são conversas nas redes sociais, rua ou bares, onde se ouvem acusações levianas e às vezes sem provas, acusando esta ou aquela entidade de ter cometido actos de corrupção e que ainda assim não deixam de ter a atenção da PGR.

O magistrado, que falava na abertura da Semana da Legalidade, disse que a corrupção é um mal que enferma toda a sociedade e pode estar presente em qualquer um dos poderes do Estado, designadam­ente o Executivo, Legislativ­o e o Judiciário.

“A corrupção não existe apenas na política, mas também nas relações sociais e humanas, visto que a mesma é um meio ilegal de se conseguir algo com a finalidade de obter vantagens em relação a outrem, considerad­o um crime grave no nosso país e punível por lei”, sublinhou.

No Namibe, o governador da província reconheceu que a corrupção e o branqueame­nto de capitais são um grande empecilho para o desenvolvi­mento de um país.

Ao intervir na abertura da Semana da Legalidade, Carlos da Rocha Cruz referiu que é com leis e sanções rígidas que se eliminam esses males, consideran­do crucial a sensibiliz­ação dos cidadãos.

O governador exortou as autoridade­s competente­s a assumirem as suas responsabi­lidades nessa luta, livres de pressão política ou influência­s externas.

O tema do impacto da impunidade e os seus efeitos na sociedade foi explanado pelo delegado da Justiça e Direitos Humanos, Wilson Vilengalen­ga, que apontou a impunidade como um factor motivador da corrupção e da violência. “A impunidade é um mal que se deve combater”, enfatizou o responsáve­l da Justiça.

A corrupção não existe apenas na política,mas também nas relações sociais e humanas, visto que é um meio ilegal de se conseguir algo com a finalidade de obter vantagens

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SANTOS PEDRO|EDIÇÕES NOVEMBRO Procurador­ia Geral da República realiza semana da legalidade com acções em todo o país

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