Líderes das duas Coreias anunciam tratado de paz
“Declaração para a Paz, Prosperidade e Unificação da Península Coreana” vai ser assinada antes do fim do ano. Mundo reage com satisfação ao desanuviamento da situação
A Coreia do Norte e a Coreia do Sul vão assinar um tratado para acabar formalmente a Guerra da Coreia, no fim deste ano, 65 anos depois das hostilidades terem terminado com um armistício.
A medida foi anunciada ontem pelos dois países numa declaração conjunta, após a cimeira histórica entre os Presidentes da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na zona desmilitarizada da fronteira comum, de acordo com agências internacionais, que acrescentaram que o documento chamar-se-á “Declaração para a Paz, Prosperidade e Unificação da Península Coreana” e será assinado antes do fim do ano.
Segundo o comunicado, “os dois líderes declararam solenemente que não haverá mais guerra na Península Coreana e que uma nova era de paz começa agora”.
Para simbolizar a paz, os dois presidentes usaram terra e água dos dois países para plantarem um pinheiro, na zona do Paralelo 38.
Kim e Moon descerraram ainda uma placa com a inscrição “A Paz e a Prosperidade foram plantadas” e que se encontra junto à árvore.
O pinheiro transplantado data de 1953, o ano que marca o fim do armistício entre o sul e o norte.
A terra e a água utilizadas na cerimónia provêm de montanhas e de rios dos dois países tendo os dois líderes cruzado sozinhos uma ponte junto ao local.
A Guerra da Coreia terminou em 1953 num impasse, depois depois da assinatura de um armistício, mas nunca foi seguido de um Tratado de Paz, o que fazia com que os dois lados ainda estivessem tecnicamente em guerra.
Kim Jong-un e Moon Jaein acordaram também tomar medidas para a “completa desnuclearização” da península coreana, durante a histórica cimeira realizada na fronteira entre os dois países.
“O Sul e o Norte confirmaram a sua meta comum de conseguir uma península livre de armas nucleares através da completa desnuclearização”, refere a declaração conjunta, assinada por ambos os líderes no final da cimeira. norte-coreano não punha os pés em solo sul-coreano. Foi com um largo sorriso que Kim Jong-un, o líder nortecoreano esticou a mão na direcção do também sorridente, Moon Jae-in, o homólogo da Coreia do Sul.
Os dois homens encontraram-se em Panmunjom, a vila que faz fronteira com os dois países. Um dos poucos locais em que não existem cercas de arame farpado ou minas entre os dois países.
“Estava entusiasmado para conhecer este lugar histórico e é tocante que tenha vindo até à linha que demarca a fronteira para me cumprimentar em pessoa”, disse Kim Jong-un a Moon Jae-in, com um longo aperto de mãos.
“Foi sua a grande decisão de cá vir”, ouviu em resposta o Presidente sul-coreano.
O ambiente afável entre os dois estadistas contrastava com a tensão entre os dois países durante o ano passado aquando dos testes nucleares levados a cabo pelo Norte. No entanto, desde Janeiro que as suas relações têm vindo a melhorar, sobretudo desde os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyongyang, onde as equipas desfilaram juntas sob a mesma bandeira.
Durante a visita, Kim Jongun assinou o livro de convidados. “Uma nova História começa agora. Um início histórico de uma era de paz”, podia ler-se na mensagem.
Kim Jong-un e Moon Jaein “tiveram um diálogo sincero e franco sobre a desnuclearização e o estabelecimento de uma paz permanente na península coreana, assim como o desenvolvimento das relações intercoreanas”, afirmou o porta-voz da Presidência da Coreia do Sul, Yoon Young-chan, aos jornalistas.