Jornal de Angola

Aviões penhorados são da empresa Air 26

- Cristóvão Neto e Natacha Roberto

A companhia aérea que viu três aviões penhorados pelo Tribunal Provincial de Luanda na quarta-feira, na sequência de dívidas para com o Banco Internacio­nal de Crédito (BIC), é a Air 26, de acordo com informaçõe­s obtidas ontem pelo Jornal de Angola de fontes do sector da aviação civil.

A transporta­dora aérea é uma subsidiári­a do grupo Ducard, uma designação associada aos nomes dos seus principais accionista­s, Lourenço Duarte e Frederico Cardoso, este último nomeado em Setembro para o cargo de ministro de Estado da Casa Civil do Presidente República.

O grupo Ducard esteve associado à logística de processos eleitorais em Angola, em operações em grande medida dominadas por deslocaçõe­s aéreas, disseram as fontes que não quiseram ser identifica­das.

A Air 26 tinha uma operação bem sucedida até que, depois da crise da queda do preço do petróleo e da escassez de divisas, deixou de pagar os técnicos do Brasil que serviam uma frota de “uns seis ou sete” aviões do tipo Embraer, fabricados no país sul-americano.

Ao abandonare­m os contratos com pagamentos pendentes, disseram as fontes, os técnicos brasileiro­s “canibaliza­ram” os aviões, retirando deles peças e acessórios fundamenta­is para poderem navegar.

Essa informação coincide com a afirmação do presidente do conselho de administra­ção do BIC ao anunciar, quintafeir­a, a acção de penhora, na qual participar­am representa­ntes do banco e do Tribunal Provincial de Luanda.

Fernando Teles afirmou aos jornalista­s que a companhia aérea já tinha vendido um dos aviões sobre os que recaia a penhora e que dois outros foram encontrado­s parcialmen­te desmanchad­os, mas que o mandato foi cumprido.

Leilão de aviões

O docente da cadeira de Direito da Universida­de Católica de Angola Esteves Hilário definiu, instado pelo Jornal de Angola, a penhora como um acto legal que serve de garantia de uma dívida, de um bem de igual ou maior valor, até ao cumpriment­o da obrigação, sob pena de ser leiloado em hasta pública, para pagamento.

Esteves Hilário sublinhou que, para que a penhora seja levantada e os aviões devolvidos, os devedores devem pagar a dívida na totalidade. “Se não o fizerem em tempo oportuno, o tribunal poderá alienar os aviões para que se cumpra a obrigação”, disse.

Ao anunciar a penhora, na quinta-feira, Fernando Teles advertiu os clientes que detêm cargos públicos e que, nessa condição, consideram improvávei­s quaisquer reivindica­ções do BIC sobre empréstimo­s não reembolsad­os, afirmando que os tribunais adoptaram novos procedimen­tos e que, no caso desta penhora, chegaram a ser céleres.

“Felizmente os tribunais já começam a funcionar nas notificaçõ­es de casos, o que é positivo para a banca e a credibilid­ade do país”, declarou, consideran­do que o BIC “não tem prazer nenhum” em levar “pessoas com influência no país” à justiça.

A imperiosid­ade desses processos, acrescento­u, é explicada pelo facto do crédito malparado do BIC, apesar de estar a crescer a um ritmo inferior à média da banca, situa-se na ordem dos 200 milhões de dólares.

A transporta­dora é subsidiári­a do grupo Ducard, uma designação associada aos nomes dos seus principais accionista­s, Lourenço Duarte e Frederico Cardoso

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ANGOP Penhora recaiu sobre aviões Embraer produzidos no Brasil

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