CARTAS DOS LEITORES
Comunicação social
Há dias ouvi um debate radiofónico em que o foco principal foi o estado da comunicação social, do ponto de vista dos desafios que a mesma enfrenta sobretudo hoje, num quadro político e institucional novo. Não sou o primeiro e seguramente não serei o último a falar sobre esse tema tão actual, tão pertinente e que mexe com muitas sensibilidades. Embora concorde com a generalidade das intervenções, feitas no debate e noutros fóruns, defendo que temos ainda inúmeros desafios.
A começar pelas instituições do Estado, julgo que um dos maiores desafios passa pela necessidade do Estado intervir mais para ajudar na criação de uma pluralidade de órgãos e diversidade editorial. E intervir menos no que a regulação do funcionamento da comunicação social. Ou seja, tal como sucede com outras classes profissionais, julgo que os jornalistas têm capacidade de se auto-regularem a si mesmos. Há outros desafios, naturalmente, como o acesso à informação, o funcionamento das fontes, entre outros. Partindo do acesso à informação, olhando para os meios disponíveis, impressos, audiovisuais e digitais, não há dúvidas de que temos ainda desafios colossais. As pessoas, na maioria, não têm ainda acesso normal à informação e sem as "amarras" ligadas à censura e auto-censura, fenómeno ainda presente em meios de comunicação, quer públicos, quer privados. Em todo o caso, julgo que estamos em presença de um fenómeno paradigmático no que a abertura e liberdade para fazer jornalismo dizem respeito, na medida em que mudou muito o ambiente de trabalho e acredito que vai continuar a mudar. Devemos estar optimistas, contrariamente à ideia, respeitável, é verdade, que tudo isso não passa de medidas cosméticas. Deixemos que o tempo venha a fazer das nossas crenças e descrenças relativamente ao papel e sinais encorajadores da comunicação social pública.
Mudança na cidade
A construção de vários viadutos na cidade para descongestionar o trânsito, além da componente estética, mais de seis meses depois, se pode ver que as mesmas vieram dar um novo ar arquitectónico e estético para a cidade. Contrariamente às vozes que se opunham, na verdade, veio dar uma nova roupagem à cidade e espero que essas empreitadas continuem e abranjam inclusive os bairros periféricos de Luanda.
Algumas destas obras servem muito bem áreas como a Unidade Operativa de Luanda, na estrada Deolinda Rodrigues, as vias que dão acesso à Via Expressa, na entrada para o Zango e para a Cidade do Kilamba. Julgo que em termos arquitectónicos trata-se de um paradigma novo que nos podem levar a fazer muito mais para que o trânsito automóvel se faça sem os habituais constrangimentos nas principais avenidas, estradas e vias de Luanda. Além das passagens de nível, julgo que faz todo o sentido em numerosos entroncamentos sejam erguidas vias para descongestionar o trânsito e assegurar mais fluidez na circulação de veículos motores. Por exemplo, aqui junto à Cipal, na avenida Ngola Kiluanje, fazia todo o sentido que se erguesse ali junto da passagem de nível do comboio, uma ponte para se evitar que as viaturas e o comboio circulem no mesmo espaço.
O novo normal
Numa altura em que os problemas, ligados aos comportamentos humanos, nas comunidades se acentuam nunca é demais abordar algumas situações sobre as quais podemos ainda reverter. Falo, por exemplo, do comportamento no trânsito automóvel, um importante barómetro para medir o grau de tolerância, educação e boas maneiras. Até parece dar a ideia de que todo o mundo que se faz à estrada parte mal-humorado e já predisposto a "soltar a língua" quando confrontado por um homólogo automobilista. Inclusive quando se encontram em situação irregular, tais como parar em plena curva, parar em plena via sem obstáculo à frente e sem ligação dos intermitentes, entre outras práticas lesivas à circulação fluída de veículos.