Denúncias de Israel causam preocupação
A acusação de Israel segundo a qual o Irão mantém um programa secreto de fabrico de armas nucleares promete abrir nova frente na já tensa situação entre os dois países, em particular, e na região do Médio Oriente em geral.
A recente ameaça de ataque “preventivo” ao Irão, feita pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, vem aumentar ainda mais as preocupações da comunidade internacional numa escalada da tensão.
O Governo dos Estados Unidos disse que os documentos sobre o suposto programa nuclear “secreto” das autoridades do Irão revelados na segunda-feira pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, são “reais” e “autênticos”.
“Eu sei que há pessoas que dizem que estes documentos não são autênticos. Posso confirmar que estes documentos são reais; são autênticos”, disse o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, a jornalistas durante a viagem de regresso ao país depois do seu primeiro périplo internacional após ser indicado para ocupar a pasta da diplomacia norte-americana, em substituição de Rex Tillerson.
Teerão “mentiu repetidamente para a Agência Internacional de Energia Atómica” e “mentiu sobre o seu programa aos seis países com os quais negociou” o acordo nuclear de 2015, afirmou Pompeo, ex-director da CIA, num comunicado posterior.
A França pediu ao Irão cooperação total e transparência após as revelações sobre o alegado programa nuclear secreto que, na opinião dos franceses, reforça a pertinência do acordo alcançado em 2015. Estas informações “deveriam ser estudadas e analisadas ao detalhe”, segundo um comunicado do Ministério francês dos Negócios Estrangeiros.
A nota refere que “numa primeira análise confirmam que parte do programa nuclear iraniano não teria fins civis, como a França e os seus parceiros constataram nas primeiras revelações de 2012”, tendo sido essa conclusão que norteou a negociação do Pacto de Viena em Julho de 2015.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, planeia anunciar antes do próximo dia 12 se retira os Estados Unidos do acordo nuclear que foi assinado com o Irão pelo seu antecessor, Barack Obama, em 2015, com a Alemanha, França, China, Rússia e Reino Unido, e destinado a suspender as actividades atómicas em troca do levantamento das sanções internacionais.
Muito crítico em relação a este acordo, Donald Trump afirmou, na segunda-feira, que a situação “não é aceitável”. “O que aprendemos hoje sobre o Irão demonstra que eu tinha 100 por cento de razão”, disse.
“Propaganda ridícula”
O Governo iraniano denunciou a “propaganda ridícula” do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e afirmou que as revelações sobre um suposto programa nuclear secreto têm como objectivo apresentar o Irão como uma ameaça.
“Os líderes do regime sionista de Israel vêem a sua sobrevivência no uso de charlatanismo para mostrar outros países como uma ameaça”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Bahram Qasemi, em comunicado.