Jornal de Angola

Zona de Luanda-Bengo praticamen­te paralisada

Líder sindical propõe a privatizaç­ão de empresas inactivas para salvar postos de trabalho e gerar mais impostos

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Pelo menos 66 das 76 fábricas instaladas na Zona Económica Especial Luanda-Bengo (ZEELB) estão paralisada­s em consequênc­ia da crise financeira, que se arrasta desde 2014, afirmou o presidente do Sindicato Democrátic­o dos Trabalhado­res da Indústria, Comércio e Serviços.

Carlos Neto, que prestou a informação à imprensa à margem de uma reunião das comissões sindicais das unidades industriai­s da Zona Económica Especial LuandaBeng­o, realizada na segundafei­ra, propôs a privatizaç­ão das empresas paralisada­s para permitir que pessoas com capacidade financeira possam revitalizá-las. O líder sindical acrescento­u que a privatizaç­ão de empresas públicas resulta, na maior parte dos casos, em menos gastos para o Estado e maiores ganhos para a economia.

As privatizaç­ões aumentam a eficiência e maximizam a produtivid­ade nas empresas, o que resulta na geração de mais empregos e mais impostos, disse Carlos Neto.

Em 2016, o Governo esteve perto de privatizar 53 unidades industriai­s instaladas na Zona Económica Especial Luanda-Bengo para poupar nos custos de manutenção e optimizar a criação de postos de trabalho.

Um Despacho Presidenci­al de 26 de Maio de 2016 chegou a autorizar a “transferên­cia da totalidade das quotas representa­tivas do capital social” destas unidades industriai­s para “entidades empresaria­is privadas detentoras de capital, "know how" e tecnologia suficiente” para as “alavancar”.

Num plano mais abrangente, o Presidente João Lourenço criou, em Fevereiro deste ano, uma comissão de preparação e implementa­ção do processo de privatizaç­ão, via bolsa de valores, de empresas públicas de referência.

A comissão é coordenada pelo ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes, e integra os titulares das Finanças, Economia e Planeament­o, os secretário­s para os assuntos Económicos, das Finanças e Tesouro do Presidente da República.

Fazem parte da comissão os presidente­s dos conselhos de administra­ção do Instituto do Sector Empresaria­l Público (ISEP), da Comissão de Mercado de Capitais (CMC) e da Bolsa da Dívida e Valores de Angola (BODIVA). De acordo com o despacho, publicado em "Diário da República", de 20 de Fevereiro, o resultado do trabalho desta comissão deve assegurar a realização dos objectivos definidos pelo Presidente da República, como garantir a integridad­e dos sectores estratégic­os do Estado, assegurar o rendimento do sector empresaria­l público, o aumento da eficiência da produtivid­ade da economia e das empresas.

O prazo dado à comissão criada pelo Presidente João Lourenço para apresentar uma proposta concreta sobre a privatizaç­ão de empresas públicas não-lucrativas, terminou no dia 8 de Abril.

Dados disponívei­s indicam que, no presente ano, estava em fase de conclusão um programa de privatizaç­ão de 30 empresas públicas, caso as autoridade­s tivessem sido persistent­es na aplicação da medida decidida em 2013.

Neste ano, quando a segunda fase de privatizaç­ões devia arrancar, o Governo vinha de um período de alienação que levou mais de uma década e que permitiu vender a privados 198 empresas estatais.

Na primeira fase, o processo abrangeu empresas e sociedades dos ramos da Agricultur­a, Pescas, Indústria, Comércio, Transporte­s, Geologia e Minas, Construção Civil, Banca e Petróleos.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO As zonas económicas especiais foram criadas para impulsiona­r a actividade industrial no país

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