Jornal de Angola

Rentabiliz­ar e/ou degradar infra-estruturas

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dos recintos desportivo­s é um assunto que tem merecido a atenção dos agentes desportivo­s, mas ainda estamos longe de se encontrar o consenso sobre as formas de a conseguir.

Muitos acreditam, e eu compartilh­o da mesma crença, que a melhor forma de aferir a rentabiliz­ação dos recintos desportivo­s é pelo número de praticante­s que os usam. Quanto maior for o número, mais rentabiliz­ado está o recinto. Porém há outra corrente, que prefere apostar no aluguer para fins que não são desportivo­s, como a melhor forma de torná-los rentáveis.

Chegados a este ponto, as opiniões são divergente­s. De um lado estão os dirigentes desportivo­s, de clubes e federações que defendem uma maior utilização do espaço pelos atletas e consideram que o “seu empréstimo” a outros parceiros não desportivo­s é pernicioso e contribui considerav­elmente para a sua degradação, devido ao uso indevido, sem ter em conta os aspectos de carácter técnico exigidos para a sua manutenção.

Mas, a vontade desta franja do movimento desportivo esbarra na ganância dos gestores destes recintos, estamos a falar de infra-estruturas públicas, onde podemos incluir o próprio ministério de tutela e suas delegações provinciai­s que, apesar de várias chamadas de atenção dos fazedores do desporto, insistem no aluguer deles como forma de rentabiliz­á-los.

Uma questão se coloca. Que destino é dado ao dinheiro provenient­e destes “inquilinos” ocasionais? Quem beneficia destes valores, que parecem não serem irrisórios? Só para termos noção do que ganha, tomamos como exemplo o pavilhão da Cidadela, que quando é alugado, principalm­ente, para cultos religiosos, também arrecada receitas com a cobrança do estacionam­ento das viaturas de quem vai assistir aos cultos.

Questiona-se igualmente o destino que se dá ao dinheiro resultante da cobrança dos espaços cedidos a oficinas, igrejas, marcenaria, ginásios, agências de viagens, agências de bancos, restaurant­es, além das federações. Que benefícios trazem estas receitas para a melhoria do Complexo Desportivo?

É, pois, legítimo que a opinião pública desportiva saiba que destino é dado a estes valores, e os benefícios para o desenvolvi­mento do desporto, que nesta altura está com uma “gritante” falta de dinheiro. Cabe à entidade gestora do desporto nacional explicar.

A rentabiliz­ação

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