Angola e Zâmbia abrem fronteiras
Na presença dos Chefes de Estado, representantes dos governos dos dois países rubricaram ontem, em Lusaka, acordos de cooperação nos domínios da Agricultura, Assistência Mútua Aduaneira, bem como da Segurança e Ordem Públicas
Angolanos e zambianos vão poder circular entre os dois países com livre entrada, depois da assinatura ontem, em Lusaka, de um acordo de supressão de vistos em passaportes ordinários. O acordo, que visa o aumento da mobilidade dos cidadãos e a dinamização do fluxo de investimento e comércio entre os dois países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, foi rubricado no âmbito da visita de Estado que o Presidente angolano, João Lourenço, efectua desde ontem à Zâmbia. O Chefe de Estado angolano segue hoje para Windhoek, numa visita à Namíbia.
A livre circulação de pessoas e bens entre Angola e Zâmbia passa a ser mais dinâmica, na sequência dos acordos de supressão de vistos em passaportes ordinários e diplomáticos, assinados ontem, em Lusaka, no quadro da visita oficial do Presidente da República, João Lourenço, àquele país vizinho.
Ainda ontem, na presença dos Presidentes de Angola e da Zâmbia, representantes dos dois Governos rubricaram acordos de cooperação nos domínios da Agricultura, da Assistência Mútua Aduaneira, e da Segurança e Ordem Públicas. Os Presidentes João Lourenço e Edgar Lungu testemunharam a cerimónia de assinatura dos acordos, após terem mantido um encontro em privado, no Palácio Presidencial, ao longo do qual avaliaram o estado das relações de cooperação bilateral.
Os ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, rubricou os acordos de supressão de vistos em passaportes diplomáticos e o de assistência mútua aduaneira, enquanto o do Interior, Ângelo da Veiga Tavares assinou os de supressão de vistos em passaportes ordinários e o da segurança e ordem públicas. O titular do Ministério da Agricultura, Marcos Nhunga, encarregouse de assinar o acordo no sector agrícola.
O acto de assinatura dos acordos foi antecedido da reunião entre delegações ministeriais dos dois países, que procederam a acertos sobre o que deverá ser a implementação dos referidos instrumentos jurídicos, que devem beneficiar os Governos e povos dos dois Estados, unidos por laços históricos de amizade desde os primórdios da luta pela independência.
O acordo de assistência mútua aduaneira justificase pelo facto de Angola e Zâmbia partilharem uma longa fronteira e ser necessário regular o movimento de pessoas que circulam entre os dois países com mercadorias destinadas ao comércio. Este acordo vai permitir ainda a troca de informações e uniformização de procedimentos para além de assistência técnica. Já o acordo no domínio da agricultura vai permitir a troca de experiências entre empresários ligados ao sector.
Para reforçar ainda mais as trocas comerciais bilaterais, avaliadas em apenas cinco milhões de dólares, segundo o Presidente da Zâmbia, os Governos dos dois países estão empenhados na construção de um canal fluvial entre as localidades de Changombo (Zâmbia) e Rivungo (Cuando Cubango).
Cemitério presidencial
No cumprimento do programa da visita, o Presidente João Lourenço depositou no final da manhã de ontem, no Cemitério Presidencial, coroas de flores nos monumentos erguidos em memória dos ex-Chefes de Estado zambianos Michael Sata, Levy Mwanawasa e Frederick Chiluba.
O malogrado Presidente Michael Sata governou a Zâmbia no período entre 2011 e 2014, Levy Mwanawasa entre 2001 e 2008, enquanto Frederick Chiluba foi o Chefe de Estado zambiano de 1991 a 2001. O cemitério presidencial foi declarado Monumento Nacional em 2008.
Ainda ontem, o Chefe de Estado participou no Forum Empresarial Angola-Zâmbia, que discutiu temas sobre a oportunidade e qualidade, que permitiram aos empresários angolanos e zambianos identificar oportunidades de negócios diversos.
No final da tarde, João Lourenço efectuou uma visita de cortesia ao primeiro Presidente da Zâmbia, Keneth Kaunda. No princípio da noite de ontem participou de um banquete oficial, a convite do homólogo zambiano.
A visita oficial do Presidente João Lourenço a Zâmbia termina hoje de manhã, devendo seguir para Windhoek, Namíbia. Mas antes, o Chefe de Estado visita a fábrica Universal, de produção de aço, indústrias químicas e minerais.
A delegação do Presidente João Lourenço na Zâmbia integra vários membros do Executivo e homens de negócios ligados a várias associações empresariais.
Fórum de negócios
O Presidente da República destacou ontem, em Lusaka, Zâmbia, o vasto potencial económico do país em termos de recursos naturais e convidou os empresários angolanos e zambianos a conceberem projectos que concorram para a transformação do mesmo em “riqueza real” para o benefício das empresas dos dois países e respectivos povos.
Discursando no acto de encerramento do Fórum de Negócios Angola-Zâmbia, o Presidente João Lourenço elegeu os sectores da agricultura, agro-negócio, transportes, turismo, recursos minerais e petróleos como principais áreas de investimento na cooperação económica entre os dois países.
João Lourenço disse ser fundamental cuidar das infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias que vão funcionar como os grandes pilares sobre os quais repousarão os projectos estruturantes das economias de Angola e da Zâmbia.
O Chefe de Estado reconheceu, a propósito, as potencialidades da Zâmbia, sobretudo no sector agrícola e outros afins, salientando que este país tornou-se ao nível da região num grande fornecedor de cereais e outros bens agrícolas aos mercados africanos e não só.
O Presidente da República convidou os empresários zambianos a explorarem possibilidades de investimento no país, em vários sectores, acrescentando que quer os homens de negócios de Angola, quer os da Zâmbia devem tornar-se parceiros dos respectivos Governos, na base de posições construtivas que permitam a definição de políticas que favoreçam o rápido crescimento das economias dos dois Estados.
No contexto actual das economias dos dois países, acrescentou João Lourenço, os empresários angolanos e zambianos têm uma “oportunidade histórica” para desempenharem um papel decisivo no sentido de catapultar as economias africanas para patamares equiparáveis aos dos congéneres noutras paragens do mundo.
“Somos um continente com abundantes recursos. Precisamos que os senhores empresários se tornem parceiros dos governos na base de posições construtivas que permitam que se definam políticas que favoreçam o rápido crescimento das nossas economias”, encorajou o Chefe de Estado, que esteve acompanhado da Primeira-Dama.
Acordo de assistência mútua aduaneira justificase pelo facto de Angola e Zâmbia partilharem uma longa fronteira e ser necessário regular o movimento de pessoas