Instituto de Acreditação certifica falsos médicos
Carlos Alberto Pinto de Sousa falava durante a visita dos deputados da Comissão de Saúde e Educação do Parlamento
O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Alberto Pinto de Sousa, afirmou ontem que o Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior (INAAREES) não tem competência para avaliar documentos do fórum médico e tem prestado mau serviço à classe médica e à sociedade.
Carlos Alberto Pinto de Sousa, que falava durante um encontro com os deputados da Comissão de Saúde, Educação, Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, defende a revisão da dinâmica e do funcionamento do INAAREES.
O médico esclareceu que na área médica , a avaliação é feita entre pares e a instituição com credibilidade idónea para validação dos currículos é o Conselho Científico das Unidades Orgânicas das Faculdades ou a Ordem dos Médicos de Angola.
O bastonário afirmou que chegam do INAARRES documentos falsos e pediu aos deputados para ajudarem na revisão da situação desta instituição que na sua opinião tem criado vários problemas para a Ordem dos Médicos.
“Temos acima de 50 documentos falsos reconhecidos pelo INAARRES, que a Ordem dos Médicos não vai avaliar por não reconhecer idoneidade. O INAARRES não está a cumprir com a missão para qual foi criado”, disse o bastonário da Ordem dos Médicos.
Carlos Alberto Pinto de Sousa justificou a sua afirmação citando como exemplo o caso de pessoas com o primeiro ano do curso de veterinária e foram reconhecidos pelo INAARRES para Medicina. “O curriculum do veterinário é completamente diferente do de Medicina e o INAAREES reconheceu. O INAARES não tem credibilidade para avaliar a nível da área médica porque não tem, nos seus órgãos, médicos para avaliação dos currículos de Medicina”, sustentou.
O bastonário explicou que a maior parte dos documentos falsos que chegam à Ordem são de médicos estrangeiros . “Os médicos angolanos não têm a cultura de falsificar documentos, o problema está com os que vêm do exterior”, disse, apontando apenas um caso da Universidade Jean Piaget, e que já se encontra a responder judicialmente.
Carlos Alberto Pinto de Sousa defende a reactivação das comissões de ética a nível dos hospitais e a criação de uma comissão de mortes hospitalares. “Nenhum hospital tem essa comissão e deve ser criada, porque é aí onde se discutem as questões de Medicina e se tomam medidas para a correcção”, indicou o bastonário, ressaltando que o plano de humanização nos hospitais só terá eficácia caso seja reactivada a comissão de ética nas unidades hospitalares.
O bastonário respondia às preocupações colocadas pelos deputados Luís Gomes Sambo, Ruben Sicato e do presidente da Sexta Comissão Manuel da Cruz Neto, sobre o exercício ilegal da Medicina, atraso no processo eleitoral para escolha do novo bastonário e erro médico.
De acordo com Carlos Alberto Pinto de Sousa, a maior parte dos médicos que exercem ilegalmente a Medicina estão identificados e encontram-se nos hospitais privados da periferia. “Já se fez um levantamento e a fiscalização deve começar, devido à forma como estas instituições estão a ser legalizadas, incluindo as farmácias. Grande parte das instituições onde eles estão, a maior parte são ilegais”, disse.
Carlos Alberto Pinto de Sousa disse que dificilmente se encontram médicos ilegais no sistema de saúde público, devido ao rigor nos procedimentos e etapas de triagem que inviabilizam esses intentos.
Número de médicos
O bastonário da Ordem dos Médicos disse que a Ordem controla cerca de 6.479 médicos, dos quais 5.491 são angolanos e 998 estrangeiros. Do total de médicos, 4.728 são clínicos gerais angolanos e 763 especialistas. 643 médicos estrangeiros clínicos gerais e 354 especialistas estrangeiros. Carlos Alberto Pinto de Sousa manifestou a sua preocupação relativamente aos médicos desempregados que rondam os 2.700.
O presidente da Sexta Comissão da Assembleia Nacional, deputado Manuel da Cruz Neto, esclareceu que o órgão que dirige tem programado encontros com diversas estruturas da Saúde para estar informado sobre as suas preocupações e o seu desempenho.
Manuel da Cruz Neto reconheceu que o sistema de Saúde no país é um problema bastante sério, por isso os deputados devem velar pela boa execução das leis.
Carlos Alberto Pinto de Sousa defende a revisão da dinâmica e do funcionamento do Instituto Nacional de Avaliação, Acreditação e Reconhecimento de Estudos do Ensino Superior