Jornal de Angola

Paulo de Carvalho teme prejuízos na execução de programas

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Sobre o perfil do candidato às eleições para reitor nas universida­des, o professor titular desvaloriz­a esta questão, caso o reitor tenha de ser eleito. Explica que, havendo eleição por parte de um número muito reduzido de pessoas, o processo vai depender da vontade dessas pessoas a comandar as eleições.

Paulo de Carvalho vai mais longe ao afirmar que a eleição de reitores e decanos, como se pretende, vai prejudicar a execução do programa de Governo.

O professor afirma não existir condições para a eleição de reitores e decanos, defendendo que, primeiro, seria bom a garantia de alguma qualidade de ensino e assegurar que os docentes fossem obrigados a adquirir os graus académicos subsequent­es, bem como a fazer investigaç­ão e a publicar os seus resultados, sem o qual seriam afastados da docência, como se faz naquelas universida­des onde há eleição de reitores. Paulo de Carvalho disse que os votantes são os três corpos da universida­de: docentes, estudantes e trabalhado­res não docentes. Para si, o problema começa quando as 20 pessoas eleitas numa faculdade para representa­r estes três corpos passam a ser alvo de pressões e de promessas, em termos daquilo que se lhes permitirá fazer, caso elejam este e não outro candidato.

“O que acontece depois, por cá, é que esses estudantes e alguns trabalhado­res que também estudam, mas que representa­m os seus pares e têm nas suas mãos o poder de eleger, fazem exigências aos docentes: ou me passas, ou não voto no teu candidato”, revela.

Por isso, defende que o processo deveria ser objecto de reflexão acerca do rumo que se quer tomar. “Não nos esqueçamos que por cá o ensino superior tem sido (salvo raríssimas excepções) muito mal dirigido. E as consequênc­ias são as que vemos no dia-a-dia, nas nossas faculdades e universida­des. Ao fim do dia, é o futuro do país que se põe em causa”, adverte. O pesquisado­r afirma que está bem como docente e que algum dia só voltaria a aceitar algum cargo público, caso este se inscrevess­e no seu projecto de vida. “Voltar a aceitar ser reitor, só quando desse conta que já seria possível criar uma universida­de a sério. E os sinais não são nada favoráveis a isso.”

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