Jornal de Angola

Fisco de São Tomé e Príncipe cobra 2,9 milhões de euros a Mello Xavier

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Depois de receber oficialmen­te, na quarta-feira, a fábrica de cerveja Rosema, em São-Tomé e Príncipe, nove anos após lhe ter sido retirada por ordem da Justiça, eis que o órgão de execução fiscal da Administra­ção Tributária são-tomense deu dez dias para o empresário Mello Xavier pagar 2,9 milhões de euros devidos ao Fisco.

Num comunicado enviado ao advogado de Mello Xavier, Guilherme Pósser da Costa, a Administra­ção Tributária de São Tomé e Príncipe indica que o empresário tem dez dias para pagar os valores ou nomear bens à penhora, cujo produto serviria para liquidar a dívida que, segundo a nota, entrou em mora nos anos de 2007,2008 e 2009.

Contactado pelo Jornal de Angola, o empresário Mello Xavier lembrou que, há nove anos, quando deixou a fábrica, não retirou nada e as contas ficaram sob gestão de um juiz. Ainda que assim fosse, acrescento­u o empresário, as dívidas já teriam prescrito.

Mello Xavier referiu ainda que os impostos deviam ser cobrados a quem esteve a gerir a empresa nos últimos nove anos. “Deve cobrar-se a quem esteve a gerir, importou produtos, vendeu e não pagou impostos”, disse, atribuindo a responsabi­lidade ao empresário são-tomense Nino Monteiro que esteve à frente da cervejeira desde 2009 até a última terça-feira, 28 de Abril, quando o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de São Tomé e Príncipe ordenou a restituiçã­o da cervejeira ao empresário angolano.

Mello Xavier adquiriu a cervejeira em meados dos anos 1990, através da sua empresa Ridux Lda, por via de um concurso público internacio­nal supervisio­nado pelo Banco Mundial. Mal teve tempo de recuperar os investimen­tos viu a fábrica penhorada, em 2009, na sequência de um contencios­o que lhe foi movido em Luanda por uma empresa também angolana, a JAR, num negócio envolvendo dois navios.

O Tribunal Marítimo de Luanda solicitou, em 2009, ao Supremo Tribunal de São Tomé e Príncipe, através de uma Carta Rogatória, a penhora dos bens da sociedade Ridux Lda, em SãoTomé, designadam­ente a Rosema, para o pagamento total da dívida em causa. Entregue ao empresário são-tomense Nino Monteiro, como fiel depositári­o, este viria a tornar-se proprietár­io da cervejeira, num processo considerad­o nada transparen­te pelo empresário angolano.

Mello Xavier desenvolve­u, durante nove anos, uma intensa batalha judicial que culminou com a recuperaçã­o, na quarta-feira, da cervejeira Rosema, localizada na cidade de Neves, a pouco mais de 70 quilómetro­s da capital.

Dias antes de receber oficialmen­te a fábrica, de acordo com o empresário, a gestão de Nino Monteiro ordenou que a fábrica passasse a produzir dia e noite e, nos últimos quatro dias, ao tomarem conhecimen­to de que deixariam a unidade, assistiu-se a retirada de toda a produção.

Na manhã de ontem, oficiais de justiça acompanhad­os por agentes da Polícia, deram início à inventaria­ção do património da Cervejeira Rosema. Em declaraçõe­s à imprensa local, Óscar Sousa, fiel depositári­o nomeado pelo grupo angolano Ridux, do empresário Mello Xavier, disse que o processo de inventário da fábrica de cerveja decorre a bom ritmo.

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DOMINGOS CADÊNCIA | EDIÇÕES NOVEMBRO Mello Xavier tem dez dias para pagar o Fisco

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