Conflitos alastram e aumentam instabilidade
Esta semana foi particularmente complicada para os países africanos habitualmente alvos de atentados ou de acções armadas perpetradas por grupos terroristas ou por rebeldes, o que faz aumentar as preocupações com questões de segurança de modo a que o desenvolvimento do continente não seja demasiadamente afectado
O continente africano continua a ser marcado por uma série de violentos conflitos que podem complicar o seu processo de desenvolvimento de modo negativo, caso não seja encontrada uma forma de, conjuntamente, os neutralizar.
A União Africana já lançou vários apelos para um esforço conjunto de combate ao terrorismo, ou às insurgências internas provocadas por grupos rebeldes, mas a verdade é que nada parece estar a resultar tendo-se assistido durante esta semana a um recrudescer dos efeitos mortais e destruidores causados por esse fenómeno.
Na Nigéria, mais de 60 pessoas morreram na terçafeira num duplo atentado na cidade nigeriana de Mubi. As acções aconteceram no nordeste do país, um dia depois da visita do Presidente nigeriano à Casa Branca, durante a qual agradeceu a Washington a ajuda na luta contra o Boko Haram.
O primeiro atentado ocorreu quando um homembomba accionou um colete com explosivos numa mesquita em Mubi, no estado de Adamawa.
Logo depois, um segundo terrorista atacou um mercado próximo, no momento em que os fiéis fugiam da mesquita para lá a procura de refúgio. O porta-voz da Polícia local, Othman Abubakar, confirmou apenas a morte de 24 pessoas até ao momento, mas relatos de testemunhas referem que o balanço é bem maior.
No início da semana o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, foi recebido na Casa Branca tendo obtido da parte de Donald Trump a garantia de que os Estados Unidos continuam a dar o seu apoio na luta contra o Boko Haram.
Na República Centro Africana pelo menos 15 pessoas, incluindo um padre, morreram na sequência de um ataque contra uma igreja cristã localizada no centro da capital, Bangui.
O atentado foi protagonizado por um único homem que fez rebentar no interior da igreja uma série de granadas na altura em que estava a ser celebrada uma missa.
O incidente ocorreu perto do bairro muçulmano denominado “PK5”, onde no mês passado morreram 28 pessoas na sequência de confrontos entre cristãos e islâmicos.
Ataque na líbia
Na Líbia, por seu lado, onze pessoas morreram vítimas de um ataque à sede da Comissão Nacional Eleitoral localizada no centro de Tripoli.
O ataque foi efectuado por um homem que conduzia um carro armadilhado com bombas que fez embater no edifício onde funciona a organização que está a preparar as eleições previstas ainda para este ano.
No Burundi, o Departamento de Estado norte-americano denunciou terça-feira a ocorrência de casos de violência política relacionada com o referendo de 17 deste mês que visa rever a Constituição. Estas acções surgiram depois de um tribunal ter condenado um dirigente do partido no poder a três anos de prisão por pressionar no sentido de algumas pessoas que estão contra o plebiscito serem atiradas para um lago. Aproximadamente 430 mil pessoas, incluindo políticos da oposição, fugiram deste país da África do leste de 10,5 milhões de pessoas desde que o Presidente Nkurunziza obteve o terceiro mandato nas eleições de 2015, que resultaram em confrontos violentos. Enquanto isso, na República Democrática do Congo (RDC) cerca de 30 militantes do movimento Luta pela Mudança (LUCHA), entre os quais Fred Bauma e Rebecca Kavugho, foram detidos e postos em liberdade no mesmo dia, na região de Goma. Esses elementos foram interpelados terça-feira quando comemoravam os seis anos de existência da sua formação e denunciavam “os massacres dos congoleses”, na província do Kivu-Norte, controlada por várias milícias armadas.
No Burkina Faso, as forças de defesa e segurança repeliram a meio da semana um ataque contra o posto da Polícia da aldeia de Madouba, localizado no noroeste do país, na fronteira com o Mali, anunciou a Polícia em comunicado.
O ataque não registou perdas humanas, mas provocou danos materiais, de acordo com o comunicado. A resposta dada pela Polícia, apoiada pelo exército, permitiu expulsar os atacantes, tendo estes fugido para o Mali, segundo a nota.
A situação está de tal modo complicada que até em Moçambique, onde a luta entre o Governo e a Renamo está a conhecer um período de tréguas, que se espera se transforme em paz definitiva, há a registar a ocorrência de problemas na região sul onde onze pessoas foram detidas pela Polícia depois de provocarem vários distúrbios.