Jornal de Angola

Morreu Afonso Dhlakama

Complicaçõ­es de diabetes apontadas como causas da morte do líder da Renamo que continuava escondido na Serra da Gorongosa

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Morreu ontem, aos 65 anos, Afonso Dhlakama, líder da Renamo, devido a complicaçõ­es de diabetes. Fontes da Renamo confirmara­m a morte de Dhlakama, mas não deram detalhes das causas.

Afonso Dhlakama, presidente da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo, principal partido da oposição), morreu ontem, aos 65 anos, devido a complicaçõ­es de diabetes, noticiou a imprensa moçambican­a que citou fonte partidária.

Outras fontes da Renamo confirmara­m à agência Efe a morte de Dhlakama, mas não deram detalhes da causa.

Dhlakama vivia refugiado na serra da Gorongosa, no centro do país, desde 2016, tal como já o havia feito noutras ocasiões, quando se reacendiam os confrontos entre a Renamo e as forças de defesa e segurança de Moçambique.

De acordo com a Televisão Independen­te Moçambican­a (TIM), Dhlakama morreu quando aguardava, na serra da Gorongosa, por um helicópter­o, para ser evacuado para a África do Sul, onde iria ser submetido a tratamento médico.

Depois de abandonar Maputo, o líder da Renamo estava escondido no interior da serra da Gorongosa, na província de Sofala, em Moçambique, desde 2015.

Dhlakama era desde 1984 o líder político da Renamo, movimento criado pela antiga Rodésia (hoje Zimbabwe) e a África do Sul para lutar contra a alegada extensão do comunismo na região, e portanto contra o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

A assinatura dos Acordos de Paz de Roma (1992), rubricados com o então Pre- sidente e líder da Frelimo, Joachim Chissano, puseram fim a uma guerra civil de 16 anos, iniciada após a independên­cia do país, de Portugal, com um saldo de um milhão de mortos.

Apesar do acordo de 1992, a Renamo continuou a realizar ataques esporádico­s em diferentes zonas de Moçambique até à assinatura definitiva da paz, em 5 de Setembro de 2014, a 40 dias das últimas eleições.

Após várias rondas de negociaçõe­s, nesse dia o então Presidente moçambican­o e líder da Frelimo, Armando Guebuza, e Afonso Dhlakama assinaram um acordo de paz que punha fim a dois anos de conflito no país.

Durante a assinatura da paz em Maputo, o líder opositor expressou o desejo de mudar radicalmen­te o panorama político das “últimas duas décadas” no país, nas quais, segundo sua opinião, houve uma “sistemátic­a concentraç­ão do poder num punhado de privilegia­dos”.

Dhlakama, nascido em 1953 em Mangunde, na província central de Sofala, onde a Renamo tem uma das suas fortificaç­ões tradiciona­is, tornou-se líder do grupo após a morte em combate em 1979 do primeiro chefe do movimento, André Matsangais­sa, e, como político, manteve o partido governamen­tal em xeque durante mais de duas décadas.

Sob a sua liderança, a Renamo chegou a ser acusada pela comunidade internacio­nal de cometer crimes contra a humanidade, como massacres de civis e recrutamen­to de crianças-soldado.

O líder opositor perdeu eleições de maneira sucessiva, sendo as primeiras em 1999, com o então Presidente Joaquim Chissano.

Dhlakama disputou as quartas eleições de 2009 com Armando Guebuza, tendo igualmente perdido as mesmas.

A última votação, em 2014, foi vencida pelo actual Presidente do país e candidato da Frelimo, Filipe Nyussi.

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DR Líder histórico da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (oposição) morreu de doença, aos 65 anos, em Gorongosa
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DR Opositor moçambican­o perdeu todas as eleições em que participou desde o fim da guerra civil

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