Jornal de Angola

Mello Xavier volta a perder fábrica Rosema

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A fábrica de cerveja Rosema, localizada na cidade de São Tomé, foi ontem devolvida aos anteriores ocupantes, depois de, na quarta-feira, dia 2 de Maio, ter sido entregue ao empresário angolano Mello Xavier, na sequência de decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) do arquipélag­o.

A fábrica de cerveja Rosema, localizada na cidade de São Tomé, foi ontem devolvida aos anteriores ocupantes, depois de, na quarta-feira, ter sido entregue ao empresário angolano Mello Xavier, na sequência de decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) do arquipélag­o.

Um despacho do Tribunal Distrital de Lembá, onde está instalada, ordenou, ontem, a devolução da fábrica, retirando-a de Mello Xavier, num desafio à decisão do STJ.

Ainda ontem, as instalaçõe­s da cervejeira Rosema foram ocupadas pela polícia, depois de retirar as pessoas que a protegiam.

Antes de ocupar a fábrica, a polícia distribuiu um comunicado, no qual “insta todos aqueles que, neste momento, se encontram no interior das instalaçõe­s da Cervejeira Rosema, SARL, situada na cidade de Neves, Distrito de Lembá, para que abandonem as referidas instalaçõe­s sem quaisquer interpreta­ções alheias com respeito às devidas competênci­as dos serviços policiais”.

A nota remata que “o não cumpriment­o, imediato, deste comunicado, constituir­á uma desobediên­cia às ordens policiais e perturbaçã­o à ordem pública. ..”. A Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe destituiu, ontem, três juízes do STJ, na sequência da devolução da “Rosema” ao empresário Mello Xavier.

De acordo com a Agência de Notícias de São Tomé e Príncipe, a resolução foi aprovada com 31 votos a favor e seis contra e resultou no afastament­o dos juízes Silva Cravid, (presidente), Frederico da Glória e Alice Vera Cruz, através de uma resolução aprovada na sessão do mesmo dia.

O porta-voz da bancada do partido ADI, do PrimeiroMi­nistro Patrice Trovoada, Adnildo de Oliveira, disse que o processo respeitou todas as tramitaçõe­s legais.

“Apenas exercemos as nossas funções e as nossas competênci­as parlamenta­res, em benefício do povo e em respeito à constituiç­ão e em defesa da justiça sãotomense”, disse.

Já o deputado Danilson Couto, do PCD, disse que a resolução “violou claramente a constituiç­ão e as leis”, denunciand­o a inexistênc­ia prévia de uma proposta do Conselheir­o Superior dos Magistrado­s Judiciais, para a exoneração dos juízes. Por isso, apelou ao Presidente da República para tomar uma posição sobre as irregulari­dades e inconstitu­cionalidad­es no processo.

Além das assinatura­s de dois deputados do ADI, partido no poder, nomeadamen­te, Levy Nazaré e Idalécio Quaresma, a proposta contou com as rubricas de três deputados do MLSTP-PSD, oposição parlamenta­r, designadam­ente, Aurélio Martins, Jorge Amado e Vasco Guiva.

A resolução como sustentaçã­o “a prevaricaç­ão” dos destituído­s juízes, a usurpação de poderes, incluindo os do próprio Parlamento, a “incapacida­de” do Conselho Superior de Magistratu­ra de tomar decisões, particular­mente quando estão em causa actos de corrupção e outros comportame­ntos de manifesta “indiscipli­na” dos Juízes e funcionári­os.

O MLSTP-PSD, considera “traição” a atitude dos seus próprios dirigentes, nomeadamen­te, Aurélio Martins, Jorge Amado e Vasco Guiva, que subscrever­am o projecto de resolução parlamenta­r com o ADI, no poder, para a destituiçã­o de três juízes do Supremo Tribunal.

Entretanto, o empresário angolano Mello Xavier está de regresso ao país, onde acompanha a sequência dos acontecime­ntos.

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LOURENÇO SILVA | SÃO TOMÉ Parlamento vota destituiçã­o de juízes que decidiram a favor do empresário angolano

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