Maternidade Lucrécia Paim com 200 mil dólares/mês
Endiama e Sodiam dispostas a ajudar a unidade sanitária, para inverter o quadro dramático que se vive naquela maternidade, que realiza mais de 100 partos e 40 cirurgias por dia. Ficou acordado que as empresas vão fazer chegar 200 mil dólares/mês
Os problemas com os quais a Maternidade Lucrécia Paim se bate, há já algum tempo, podem ser mitigados, nos próximos dias, fruto de uma doação de 200 mil dólares que vai passar a receber todos os meses das empresas diamantíferas Endiama e Sodiam.
Através de um memorando de cooperação, assinado ontem, em Luanda, pelos responsáveis das três instituições, na presença de Sílvia Lutucuta, ministra da Saúde, e de Diamantino de Azevedo, dos Recursos Minerais e Petróleo, ficou acordado que as empresas diamantíferas vão fazer chegar esse apoio financeiro à Maternidade Lucrécia Paim, no prazo de um ano, mas com a possibilidade de ser estendido por mais tempo.
De acordo com José Ganga Júnior, Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Endiama, o apoio, cujo objectivo visa ajudar a principal maternidade do país a reduzir parte das dificuldades que ainda enfrenta, não se vai limitar apenas à entrega dos valores monetários.
“Trata-se de um apoio multifacético, que vai desde a formação dos técnicos de saúde, fornecimento de materiais gastáveis, medicamentos a outros bens que forem possíveis de dar”, confirmou para acrescentar que tudo vai ser feito no sentido de vincularem também nessa iniciativa os parceiros com os quais trabalham, a fim de tornar o apoio mais robusto.
Eugénio Bravo da Rosa, PCA da Sodiam, acrescentou que o principal objectivo dessa iniciativa é mesmo fazer com que as carências que aquela unidade sanitária enfrenta sejam completamente reduzidas. Há poucos dias no cargo de directora-geral da Maternidade Lucrécia Paim, Manuela Mendes louvou a iniciativa das empresas diamantíferas e disse tratar-se de um gesto que deve ser seguido por outras sensibilidades da sociedade. Com este apoio, a responsável disse que vai ser possível solucionar algumas dificuldades que a instituição enfrenta no seu dia-a-dia.
A nova directora informou que a incerteza no abastecimento de insumos para acudir algumas dificuldades com as quais a Maternidade Lucrécia Paim se debate tem causado um grande stress a nível dos gestores e trabalhadores, a todos os níveis, situação que tem provocando aos mesmos muita frustração e desgastes precoces.
“Todas as nossas enfermeiras têm problemas de saúde ligado à sua actividade laboral”, avançou. Essas e outras situações, segundo Manuela Mendes, tem dado lugar à fuga de quadros da instituição para outros pontos onde encontram melhores condições salariais. A responsável referiu que se associar tudo isto à fraca remuneração do pessoal da Saúde, a ausência de conforto no seu local de trabalho como, por exemplo, uma alimentação condigna durante o seu banco, a situação ainda é mais catastrófica.
Sobrelotação na unidade
A nova directora-geral da Maternidade Lucrécia Paim informou que as principais dificuldades da instituição estão relacionadas com a questão da sobrelotação. “Há muita gente a competir por uma cama”, frisou para acrescentar que o número de parturientes que acorrem àquela unidade sanitária ultrapassa, em grande medida, a capacidade da mesma. “Temos camas nos corredores, as enfermarias estão cheias e a rotatividade é muito grande. Temos que dar altas de forma precoce”, lamentou Manuela Mendes.
Só, neste primeiro trimestre, passaram pelo banco de urgência da Maternidade Lucrécia Paim um total de 16.144 pacientes, sem contar com as 9.861 consultadas. Foram realizadas, neste mesmo período, 6.588 partos e 2.395 cirurgias obstétrica e ginecológica. “É muito trabalho para a capacidade do hospital e tendo em conta o número reduzido de recursos humanos existente na instituição”, realçou. Informou que a maternidade realiza por dia cerca de 100 partos e 40 cirurgias, mas os recursos humanos disponível são bastante reduzidos para dar resposta à procura. Explicou que a instituição dispõe apenas de 60 médicos, que, em função desse défice, são obrigados a exercer, também, tarefas a nível do banco de urgência, consultas externas, tarefas ligadas ao ensino e aprendizagem e de gestão.
Manuela Mendes acrescentou que a instituição conta apenas com cerca de 300 enfermeiras, sendo que metade desse grosso se encontra já com idade acima dos de 50 anos, o que faz com que deixem de responder com as exigências do trabalho.
No primeiro trimestre deste ano, continua a responsável, estiveram internadas naquela maternidade 97 mulheres por malária, o mesmo número por Sida e cerca de 27 por hepatite viral. “A hipertensão arterial é uma das principais causas que eleva a taxa de mortalidade materno-infantil”, disse Manuela Mendes, para quem a inversão do actual quadro passa pela valorização das consultas pré-natais .
O principal objectivo visa ajudar a principal maternidade do país a reduzir parte das dificuldades que ainda enfrenta