Cuito Cuanavale proposto para Património Mundial
BATALHA HISTÓRICA CONTRA O APARTHEID
Depois de Mbanza Kongo ter sido elevada a património da humanidade, o país prepara as condições para inscrever três novos monumentos nacionais à lista de candidatura para património da humanidade, nomeadamente Cuito Cuanavale, Complexo rupestre do Tchitundo Hulo e o Corredor do Kwanza, revelou ontem, em Luanda, o Vice-Presidente da República.
Bornito de Sousa, que fez esta revelação ao proceder à abertura da primeira reunião ordinária da Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial, assegurou que vão ser constituídas equipas técnicas nacionais que se vão encarregar, numa primeira fase, da preparação dessas candidaturas.
“São três localidades de valor inquestionável e certamente com um lugar garantido na memória colectiva porque são parte da história universal”, afirmou, referindo-se ao Cuito Cuanavale, ao Tchitundo Hulo e ao Corredor do Kwanza.
Para o Vice-Presidente, a questão do património cultural não deve ser vista numa perspectiva isolada ou apartada do contexto socioeconómico, pois para o Sistema do Património Mundial, os Estados-parte, como é Angola, detêm a responsabilidade primária pelos bens, e o sucesso da sua gestão depende do contexto político social, institucional e económico desses mesmos bens, estejam eles já inscritos ou em vias de inscrição.
A este respeito, sublinhou, um dos desafios é associar a questão do património mundial ao desenvolvimento sustentável, respeitando o envolvimento das comunidades e dos governos locais e do turismo no quadro do objectivo número 11, o de tornar as cidades e comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.
Durante o seu discurso, o Vice-Presidente da República realçou que o empenho de Angola para a inscrição dos arquivos dos Ndembu, a 27 de Julho de 2011 e dos vestígios de Mbanza Kongo, capital do antigo Reino do Congo, é demonstrativo do compromisso do país com a história universal, num alinhamento com as orientações do Centro do Património Mundial.
Bornito de Sousa encorajou o sector da Cultura pelo trabalho até aqui realizado destinado à protecção do património cultural, lembrando que teve um papel decisivo para o êxito da campanha para a inscrição de Mbanza Kongo na lista do Património da Humanidade.
“Mas, mais do que criar e tornar operacional um órgão multissectorial a quem compete coordenar a acção do Estado, direccionada para a implementação dos objectivos internacionais e regionais em matéria de promoção e salvaguarda do património histórico mundial, a criação desta comissão representa uma nova etapa no processo de tratamento destas matérias”, disse. O Vice-Presidente da República assegurou que, doravante, a Comissão vai implementar uma abordagem integradora, multidisciplinar, mas também pragmática, realista e impulsionar os mecanismos de identificação e preservação dos bens já inscritos e em via de inscrição na lista do Património Cultural Mundial.
Bornito de Sousa afirmou que o Executivo assume o desafio de continuar a implementar as recomendações da UNESCO sobre Mbanza Kongo e não vai coibir-se de recorrer à experiência adquirida ao longo do processo de inscrição daquela cidade, bem como à perícia de outros países e de organizações internacionais.
A ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, informou que está-se a preparar todo o dossier relacionado com esta candidatura e adiantou que Angola vai estar presente, em Agosto deste ano, na reunião do Benin que pretende discutir a “Rota da escravatura num ângulo tridimensional”, um dos grandes simbolismos do Corredor do Kwanza.
Nesta reunião, explicou, Angola vai apresentar as suas propostas à lista de Património da Humanidade. “Recentemente, tivemos o conforto dos países da África Austral, numa mesa redonda realizada na África do Sul em que o Cuito Cuanavale foi o ponto forte das discussões e sentimos todo o apoio institucional por parte dos países da região”, lembrou.
O objectivo, disse, é que o local seja um lugar de memória histórica, pelo simbolismo que representa na luta libertadora dos povos da região da África Austral, a independência da Namíbia e o fim do apartheid.
Uma delegação vai em Agosto, ao Benin, para participar numa reunião sobre a “Rota da escravatura”, um dos grandes simbolismos do Corredor do Kwanza