Jornal de Angola

Parlamento aprova agenda para a próxima plenária

UNITA e a coligação CASA-CE pediram a retirada da agenda das propostas de lei sobre o repatriame­nto de capitais

- Adelina Inácio

A Assembleia Nacional aprovou ontem, sem consenso, a agenda das propostas de diplomas que vão à votação no dia 17 deste mês, entre as quais se destacam as propostas de lei de investimen­to privado e de repatriame­nto de capitais.

O MPLA votou favorável a agenda, enquanto a UNITA se absteve e a CASA-CE votou contra. O PRS e a FNLA, apesar de não terem direito a voto, apoiam a posição de votos dos líderes da UNITA e CASACE que defendem a discussão pública e fusão das propostas sobre repatriame­nto de capitais, apresentad­as pelo Executivo e a UNITA.

Durante a discussão, a UNITA e a CASA-CE pediram a retirada da agenda das propostas de Lei de Repatriame­nto de Recursos Financeiro­s Domiciliad­os no Exterior do País (da iniciativa do Executivo) e do Projecto do Regime Extraordin­ário de Regulament­ação Patrimonia­l (da UNITA), alegando que as mesmas devem ser amplamente debatidas antes da sua aprovação final global.

Na conferênci­a dos presidente­s dos grupos parlamenta­res, orientada pela primeira vice-presidente da Assembleia Nacional, Joana Lina, ficou agendada, para discussão na generalida­de, a proposta de Lei que aprova o Código Penal. As propostas de Lei de Investimen­to Privado, o Projecto de Lei do Regime Extraordin­ário de Regulament­ação Patrimonia­l da UNITA e a Proposta de Lei de Repatriame­nto de Recursos Financeiro­s Domiciliad­os no Exterior do país, vão à aprovação final.

A deputada Vitória Isata, do MPLA, garantiu que as propostas de Lei do Regime Extraordin­ário de Regulament­ação Patrimonia­l da UNITA e a proposta de Lei de Repatriame­nto de Recursos Financeiro­s Domiciliad­os no Exterior do país do Executivo vão continuar a ser discutidas e estão já agendadas para discussão na especialid­ade, na próxima semana. A ideia, disse, é que os diplomas sejam melhor discutidos.

Vitória Isata adiantou que a proposta de lei apresentad­a pelo Executivo já foi apreciada pela sociedade civil, incluindo os deputados de outras bancadas, razão pela qual considera que o diploma está em condições de ser discutido na especialid­ade e aprovado na próxima reunião plenária.

Acusações da UNITA

O presidente do grupo parlamenta­r da UNITA acusou o MPLA de estar a fugir ao debate público das propostas de lei do Regime Extraordin­ário de Regulação Patrimonia­l e de Repatriame­nto de Recursos Financeiro­s Domiciliad­os no Exterior do país.

“O MPLA continua a não perceber que uma boa parte daquilo que decide deve, também, envolver a sociedade. O MPLA não está capaz de fazer-se presente nesta auscultaçã­o da sociedade civil”, disse Adalberto Costa Júnior.

O deputado justificou a abstenção da UNITA na aprovação da agenda pelo facto de não poder impor a quem não quer estar disponível ao debate. “Desde Março que o Parlamento não tem debatido as duas propostas por ter prometido auscultar a sociedade civil”, disse Adalberto Costa Júnior, para quem há uma prática de desvios com origem do bem público. “A sua discussão devia permitir o virar da página nesta matéria”, considerou.

André Mendes de Carvalho, líder do grupo parlamenta­r da CASA-CE, realçou que o que está em causa é o projecto de lei da UNITA e a proposta de lei do Executivo relativame­nte ao repatriame­nto de capitais. “Até agora não houve auscultaçã­o do debate da sociedade e nem a fusão dos diplomas num único diploma como recomendad­o”, disse. O deputado entende que se trata de uma questão transversa­l sobre a qual a sociedade civil deve ser ouvida.

Benedito Daniel, do PRS, defende que o MPLA e a UNITA façam uma aproximaçã­o entre os seus diplomas. Para o PRS, disse, não se trata apenas de repatriame­nto de capitais, mas também de regulação. “Ninguém nos garante que doravante não haverá mais desvio de capitais”, afirmou o deputado.

Por não constituir grupo parlamenta­r, por ter apenas dois deputados, o PRS não tem direito a voto nas reuniões de líderes, mas manifestou o seu descontent­amento em relação às posições tomadas. O mesmo posicionam­ento foi manifestad­o pela FNLA, que tem apenas um assento na Assembleia Nacional.

O deputado Lucas Ngonda considerou que a fusão das duas propostas daria outra imagem ao Parlamento, a de que o país está mesmo disposto a combater a corrupção.

Lucas Ngonda lembrou que o Presidente da Assembleia Nacional tinha prometido que o Parlamento iria trabalhar para os consensos necessário­s para que se encontrass­e uma plataforma para um projecto único.

André Mendes de Carvalho, deputado da CASACE, defende que a sociedade deve ser ouvida sobre as propostas de lei do Executivo e da UNITA sobre o repatriame­nto de capitais

 ?? SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Reunião de líderes dos grupos parlamenta­res foi orientada pela vice-presidente do Parlamento
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Reunião de líderes dos grupos parlamenta­res foi orientada pela vice-presidente do Parlamento

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola