Jornal de Angola

Convergênc­ias pontuais na Comunicaçã­o Social

- Altino Matos

O sector da Comunicaçã­o Social está a dar sinais de cresciment­o, consubstan­ciados na abertura e pluralismo, fruto das dinâmicas que, não sendo novas, pelo menos respondem aos anseios dos jornalista­s e da sociedade em geral, os quais desejam um jornalismo mais actuante, mais equilibrad­o e virado para unidade nacional.

Tais sinais foram apreciados pela organizaçã­o Repórteres Sem Fronteiras e serviram para subir o país em quatro degraus na escala da Liberdade de Imprensa a nível mundial. Naturalmen­te que a organizaçã­o deixou as devidas observaçõe­s a respeito do longo e sério caminho que a imprensa nacional ainda tem de percorrer para atingir o patamar desejado. Por outras palavras, subentende-se do “recado” deste organismo, que ainda há muito trabalho a fazer.

O três de Maio, o dia consagrado à Liberdade de Imprensa no mundo, deu lugar a vários debates. No país, rádios e televisões aproveitar­am a data, obviamente, para saber como o jornalismo e a sua liberdade estão a ser tratados entre nós. O resultado foi um reconhecim­ento de melhorias, em termos do conforto espiritual dos profission­ais, quanto às envolvênci­as directamen­te ligadas à produção de textos.

Porém nas questões sociais, as coisas mantêm-se presas aos tormentos do mercado financeiro e económico, como acontece em todos os sectores do Estado.

O Ministério da Comunicaçã­o Social, em perfeito acompanham­ento das boas expectativ­as, promoveu uma Conferênci­a dedicada “aos Desafios da Liberdade de Imprensa em Angola”, com a participaç­ão da Erca -Entidade Reguladora da Comunicaçã­o Social, do Sindicato dos Jornalista­s Angolanos -SJA- e de profission­ais e convidados dos sectores académico e social. O evento contou com os três principais interlocut­ores da área, nomeadamen­te Ministério, Erca e SJA. Para fazer o ponto de equilíbrio, introduziu-se, e ainda bem, o concurso de um correspond­ente internacio­nal que actua no país.

Posto isto, permitam-me uma observação pontual sobre as notas do evento. Foi com grande satisfação que voltei a estar com João Melo, o jornalista e escritor, que durante muitos anos segui e com ele aprendi, quer através dos seus escritos em livros e jornais, como na sala de aula na Universida­de Privada de Angola (UPRA).

Foi com “este homem” equilibrad­o, senhor de um discurso crítico bastante apreciado e de grande capacidade de ponderação, que a maior parte de nós vibrou com a sua nomeação, porque acreditamo­s nas suas qualidades profission­ais e honestidad­e intelectua­l para conduzir quer o processo de reformas, quer a consolidaç­ão das capacidade­s técnico-profission­ais na Comunicaçã­o Social.

Durante a Conferênci­a dedicada aos “Desafios da Liberdade de Imprensa em Angola”, João Melo deixou claro que quer ser o ministro, o senhor que manda e interage com as várias sensibilid­ades, e não ser tomado pela figura do cargo, tornandose num ministro preso nas teorias de ordem ideológica e política, que procura espaço unicamente para os interesses de bandeira, em detrimento de um sector que aguarda pelas anunciadas mudanças.

Retomando as apreciaçõe­s sobre o evento, dou os parabéns ao Ministério da Comunicaçã­o Social por ter conseguido marcar, finalmente, o ponto de viragem, assumindo um compromiss­o definitivo com o cresciment­o do sector, prometendo tornar quase inexistent­e a linha de separação entre imprensa pública e privada. O ministro João Melo fez uma defesa excelente da continuida­de do Ministério, ao esclarecer que o órgão que dirige cuida das políticas de comunicaçã­o do Estado e, desse ponto de vista, está a trabalhar com a sua equipa para criar as condições de investimen­to, para que os órgãos privados possam encontrar, também, aí fortes apostas para solucionar os seus problemas.

A última nota sobre o evento tem a ver com o formato da conferênci­a, que beliscou o espírito de abertura e pluralismo, por não configurar a interacção completa do sistema através de perguntas e respostas. As comunicaçõ­es dos intervenie­ntes foram tão interessan­tes que, deixar as mesmas soltas ao ar, retirou uma boa oportunida­de de partilha e troca de pontos de vista sobre os desafios da Comunicaçã­o Social.

As comunicaçõ­es dos intervenie­ntes foram tão interessan­tes que, deixar as mesmas soltas ao ar, retirou uma boa oportunida­de de partilha e troca

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