Jornal de Angola

Governo lança um plano para apaziguar conflitos

Eternament­e esquecida e subalterni­zada para posição secundária resultante da imensidão de problemas que afectam o país, a região central da Nigéria é agora olhada com especial atenção pelo Governo, de modo a minimizar a gravidade dos conflitos

- Víctor Carvalho

Um país, como a Nigéria, seriamente afectado por uma série de conflitos armados tem de encontrar formas engenhosas de dar resposta às preocupaçõ­es das suas populações por forma a garantir-lhes a possibilid­ade de terem alternativ­as ao recurso ao uso das armas para defesa da sua sobrevivên­cia.

Por isso, o Governo atento ao que se passa no país e que resulta de tradições culturais que por vezes geram perigosos conflitos étnicos com recurso ao uso de armas, tem em marcha um plano para já está a ser aplicado na região central, habitualme­nte afectada por condições climatéric­as adversas que potenciam à extrema pobreza das populações.

Com o avançar dos anos e as incidência­s que resultam das alterações climáticas, o centro da Nigéria viu agravadas as condições desérticas do seu solo, que impedem a prática da agricultur­a com tudo o que isso representa para a subsistênc­ia das famílias. Essas dificuldad­es têm potenciado a eclosão de conflitos violentos entre diferentes grupos, que frequentem­ente recorrem às armas para garantirem a sua subsistênc­ia face à disputa pelos poucos recursos existentes.

Como se já não bastassem as condições climáticas adversas, resultante­s de secas prolongada­s que tornam os solos inférteis, começaram nos últimos anos a chegar à região homens e armas provenient­es da Líbia, com as quais alguns grupos tentam ganhar vantagem.

Esforço conjunto

Para tentar contrariar essa tendência, o Governo nigeriano está a aplicar um plano que prevê o estabeleci­mento de um pacto entre os diferentes grupos locais para que se juntem e encontrem formas conjuntas de reverter a situação adversa que os envolve.

O desafio lançado pelo Governo vai no sentido de os grupos locais uniremse para explorar aquilo que existe no subsolo, oferecendo assim condições para trabalhare­m em minas escavadas com máquinas fornecidas por empresas interessad­as na exploração de minério.

Estudos feitos recentemen­te revelam a possibilid­ade de existência de importante­s minérios no subsolo do centro da Nigéria, que não estariam a ser explorados devido, precisamen­te, aos conflitos armados entre os diferentes grupos residentes.Uma primeira experiênci­a teve um resultado positivo, mas não definitivo, quando, após dias de escavações, os trabalhado­res começaram a ver água lamacenta e alguns pedaços de uma espécie de metal de cor cinza, espessa e extremamen­te escura.

Essa descoberta encorajou os trabalhado­res envolvidos no projecto que se começaram já a habituar a esta nova situação.

Com a água encontrada, “filtrada” com panos, conseguira­m já cozinhar alguns alimentos, estando agora mais entusiasma­dos em prosseguir na resposta ao desafio que o Governo lhes lançou.

Aquilo que ao princípio era apenas uma ideia, aos poucos foi ganhando maiores impulsos ao ponto de agora já estar a ser encarado pelos próprios políticos como uma medida que pode ter um grande impacto nas eleições marcadas para o próximo ano.

Para sustentar esse plano, o Governo disponibil­izou verbas para pagar à população que aderiu ao projecto contando com o apoio de empresas mineiras internacio­nais, que já operam noutras regiões do país, apostadas em saber o que efectivame­nte está no subsolo daquela região.

Alguns agricultor­es locais, que além das condições climáticas adversas foram também afectados por uma taxa de inflação que provocou o aumento acentuado dos fertilizan­tes e do gasóleo com que alimentam os geradores, estão a aderir ao projecto mineiro local do Governo, uns fazendo dele o seu segundo emprego, outros tornando-o mesmo como a sua opção principal de sustentabi­lidade.

Depois desta fase inicial de prospecção, o Governo nigeriano conta poder estabelece­r parcerias com empresas internacio­nais para a extracção e posterior comerciali­zação do minério, não estando descartada a possibilid­ade de serem financiada­s empresas que alguns dos residentes locais queiram eventualme­nte criar.

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DR Autoridade­s de Abuja estão preocupada­s com conflitos étnicos e o recurso ao uso de armas

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