Jornal de Angola

Funeral de Dhlakama ainda sem data marcada

Presidente moçambican­o afirma que país vive “um momento mau” e lamenta não ter podido ajudar na evacuação “urgente” do líder da Renamo para tratamento médico

- Víctor Carvalho

O corpo do falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, chegou à morgue do Hospital da Cidade da Beira durante a madrugada de ontem, de acordo com o secretário-geral do partido, Manuel Bissopo.

A Televisão Independen­te de Moçambique (TVM) exibiu imagens da chegada, pelas 3H40, de um conjunto de viaturas à morgue da cidade da Beira, onde viajariam familiares e membros do partido.

“Não tenho elementos substancia­is sobre aquilo que vai acontecer a partir de amanhã (sábado)”, acrescento­u Manuel Bissopo, referindo que os membros do partido vão juntar-se à família do falecido.

De princípio, o funeral, ainda sem data marcada, vai ser feito na terra natal, em Mangunde, distrito de Chibabava, na província de Sofala - de que a cidade da Beira é capital - referiu.

Afonso Dhlakama, presidente da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo), morreu quinta-feira aos 65 anos.

O líder do maior partido da oposição moçambican­a vivia refugiado nas matas da serra da Gorongosa, no centro do país, desde 2016, tal como já o havia feito noutras ocasiões.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, disse à Televisão de Moçambique (TVM) que foram feitas tentativas para transferir Afonso Dhlakama, por via aérea para receber assistênci­a médica no estrangeir­o, mas sem sucesso.

Por sua vez, um porta-voz da Frelimo, reagindo à morte de Afonso Dhlakama, disse ter desapareci­do “um parceiro estratégic­o para a paz e estabilida­de no país”.

Nas suas declaraçõe­s à imprensa, Caifadine Manasse, destacou o empenho de Afonso Dhlakama na busca de um entendimen­to com o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, para uma proposta de revisão pontual da Constituiç­ão sobre o aprofundam­ento da descentral­ização do país.

Fontes da Renamo confirmara­m que o presidente do principal partido da oposição moçambican­a faleceu quando um helicópter­o já tinha aterrado nas imediações da residência, na Serra da Gorongosa.

“Momento mau para o país”

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, considera a morte de Afonso Dhlakama, líder da Renamo, como sendo um momento mau para o país.

Nyusi manifestou este sentimento na noite depois do anúncio da morte de Dhlakama, vítima de doença.

“É um momento mau para todos nós, sobretudo para mim, porque eu estava num alinhament­o total para ver se nós resolvíamo­s o problema deste país”, disse Nyusi, durante um breve contacto telefónico mantido com a Televisão de Moçambique (TVM).

Filipe Nyusi revelou que foi informado na quarta-feira sobre a deterioraç­ão do estado de saúde de Dhlakama e que fez tudo para ajudar, mas já era demasiado tarde.

“Qualquer moçambican­o merece a vida. Fui infeliz porque não consegui ajudar, mas também não deram tempo para ajudar”, disse.

Aliás, disse Filipe Nyusi, há cerca de uma semana que Dhlakama se encontrava doente. “Estou muito deprimido porque eu devia ter conseguido transferi-lo mas não me deram tempo para isso”, lamentou.

“Nós, os moçambican­os, temos de continuar a fazer tudo por tudo para as coisas não irem para baixo. O povo moçambican­o merece ser feliz”, disse o Presidente da República, para quem, Moçambique não pode ser um Estado sem oposição.

“Qualquer moçambican­o merece a vida. Fui infeliz porque não consegui ajudar, mas também não deram tempo para ajudar”

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DR Nyusi saiu várias vezes de Maputo para ir se encontrar com Dhlakama, em Gorongosa

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