Economia em desaceleração
Indicadores do quarto trimestre de 2017 apontam para um abrandamento da expansão, o que confirma os dados convergentes divulgados antes pelo Governo , o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial
A economia angolana regista desde 2013 uma desaceleração do crescimento, agravada em 2016, quando caiu para terreno negativo, revelam as contas anuais divulgadas ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O relatório refere que de 2009 a 2016 foi registado um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB), com pico em 2012 de 8,54 por cento, mas a partir de 2013 verificou-se uma desaceleração, para 4,95 por cento, caindo em 2014 para 4,82 por cento e em 2015 para 0,94 por cento. Em 2016, o crescimento do PIB foi negativo, de 2,58 por cento, devido à queda nas receitas de exploração de petróleo.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) abrandou 2,5 por cento em 2017, menos que em 2016, quando a desaceleração foi de 2,6 por cento, de acordo com dados das contas nacionais apresentados ontem, em Luanda, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
A economia nacional vem de um ano de recessão de 0,1 por cento observada em 2016 e de uma frágil recuperação de 1,1 em 2017, no que o ministro das Finanças, Archer Mangueira, considerou num pronunciamento oficial terem dois “anos perdidos”.
O INE divulgou ontem os resultados do PIB do quarto trimestre e do cômputo de 2017, além das contas nacionais trimestrais referentes ao período de 2010 a 2016 e as contas anuais de 2009 a 2016.
O chefe de divisão das Contas Nacionais do INE, José Kalenji, lembrou que, depois de um período de crescimento real do PIB, que atingiu o pico de 8,54 por cento em 2012, a economia nacional entrou numa trajectória de desaceleração em 2013, tendo caído em terreno negativo em 2016, ao registar uma evolução negativa de 2,58 por cento.
De acordo o relatório das contas nacionais anuais, entre 2013 e 2015, a economia nacional registou crescimento de 4,5 por cento, 4,8 por cento e 0,94 por cento, respectivamente.
No topo das actividades económicas com maior peso no PIB, de acordo com o documento, estão a extracção e refinação do petróleo bruto e gás natural, com 21,20 por cento, o comércio, com 16,65 por cento, e a construção, com 13,98 por cento.
O relatório de Contas Anuais 2009/2016 concluiu que, no período em referência, o peso das remunerações no PIB teve tendências decrescentes, com maior percentagem em 2009, quando atingiu 28,71 por cento.
O peso da poupança bruta no PIB registou uma tendência crescente até 2011, período em que se registou a maior percentagem, com 37,9 por cento, diminuindo a sua participação a partir de 2012.
No período em análise, o país registou uma capacidade de financiamento com tendência crescente entre 2010 e 2012, decrescendo em 2013 e 2014 para 5,86 por cento e 2,31, respectivamente, o que se acentuou em 2015 e 2016.
A taxa de investimento caiu face ao PIB entre 2009 e 2013, ao que se seguiu um ligeiro aumento de 27,48 por cento em 2014 e 28,21 por cento em 2015, voltando a recuar para 26,21 por cento em 2016.
A taxa de investimento registou o pico mais alto em 2009, tendo se fixado em 42,79 por cento, de acordo com os indicadores macroeconómicos.
Com a divulgação dos resultados do PIB do quarto trimestre de 2017 e do indicador anual resultante da soma dos quatro trimestres do ano transacto, o INE retoma a divulgação de dados trimestrais referentes ao PIB, que interrompeu no ano passado.
A interrupção, de acordo com o INE, deveu-se a discrepâncias entre os relatórios trimestrais e anuais resultantes de falhas no processo de transmissão de informações.
INE divulgou os resultados do PIB do quarto trimestre e do cômputo de 2017, além das contas trimestrais referentes ao período de 2010 a 2016