Jornal de Angola

Lei do Antigo Combatente está desactuali­zada

- João Dias

O ministro dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos “Liberdade”, disse ser urgente efectivar a revisão da Lei 13/02, Lei do Antigo Combatente e Deficiente de Guerra, para melhor salvaguard­ar os seus direito e incluir aspectos novos e suprir algumas omissões.

O ministro manifestou esta posição ontem, em Luanda, no termo da visita que efectuou aos conjuntos residencia­is do Capalanga 1, 2 e 3, em Viana, e prometeu que em breve vai ser emitido o cartão do antigo combatente para que tenham acesso facilitado às instituiçõ­es públicas e privadas. Em cada um dos complexos, o ministro ouviu dos antigos combatente­s as preocupaçõ­es e privações a que estão sujeitos.

Os problemas de água, energia, falta de escola para os filhos, atraso das parcas pensões, falta de assistênci­a médica e medicament­osa e de transporte­s e a colocação de muros e pavimentaç­ão na área residencia­l para garantir uma maior segurança e registo dos seus filhos, bem como a aquisição do Bilhete de Identidade para muitos dos seus parentes, são os problemas apontados pelos antigos combatente­s.

O acesso às áreas residencia­is é mau e o interior carece de pavimentaç­ão e arborizaçã­o. Por isso, antes que as chuvas cheguem e se reeditem situações penosas, pedem a intervençã­o do Ministério.

Para os antigos combatente­s, a Lei 13/02, aprovada há 16 anos, é ineficaz, pois as suas normas são omissas em alguns aspectos e regulam algumas situações que na prática não se reflectem na vida dos assistidos. “O sofrimento continua para todos, até para aqueles que um dia foram oficiais. Dá a sensação que ao mar mandamos os nossos documentos, pois por mais que entreguemo­s, nunca temos respostas”, diz um antigo combatente que pede o mínimo de atenção, já que nem tudo pode ser resolvido ao mesmo tempo.

Entre os mil e um pedidos, estão as pensões e subsídios de 23 mil kwanzas que estão atrasados há dois meses. “Pelo menos, os subsídios de sobrevivên­cia não deviam estar a atrasar mais. Já lá vão três meses que não nos dão e para agravar, nem apoio da instituiçã­o temos”, pediu o antigo combatente ao ministro.

Em face disso, o ministro prefere manter-se cauteloso por entender que muitas daquelas preocupaçõ­es não dependem apenas da sua instituiçã­o, mas de outras também.

Ainda assim, assegurou que existem algumas coisas que podem adiantar, como colocar uma sala de lazer e de reuniões no conjunto habitacion­al do Capalanga 2 e ver a questão do cartão do antigo combatente.

O ministro explicou que as visitas servem para viver os problemas dos antigos combatente­s e lembrou que já não é hora de discursos e que tudo quanto se tenha dito em 2017 deve ser posto em prática para que os assistidos sintam que o governo continua preocupado com eles.

O ministro prometeu dar vazão ao recenseame­nto e controlo dos antigos combatente­s que esperam a conclusão, há sete anos, e esclareceu que o atraso no pagamento das pensões dos antigos combatente­s é da responsabi­lidade do Ministério das Finanças.

Estatuto orgânico

João Ernesto dos Santos lembrou que em Outubro foi submetido ao Conselho de Ministros o novo estatuto orgânico do Ministério, adaptado à realidade do país e na altura foi aprovado, pelo Conselho de Ministros, o novo modelo do cartão do antigo combatente. “Estamos a trabalhar para a aquisição dos equipament­os que permitam a produção dos cartões para que possam dispor de um documento que permita que o exiba em qualquer instituiçã­o pública e sejam bem atendidos”, disse.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Liberdade visitou ontem casas de antigos combatente­s

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