Jornal de Angola

Angola tem de investir mais no sector da Saúde

- Kilssia Ferreira

Angola é um dos países do continente africano que menos investe no sector da Saúde, declarou onte, em Luanda, Ricardo Bitran, especialis­ta do Banco Mundial, durante uma formação sobre a Reforma do Sistema de Saúde.

Baseando-se nos critérios da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), Ricardo Bitran sustentou que os governos devem dedicar 15 por cento do seu orçamento ao sector, mas no caso concreto de Angola, a fatia destinada à Saúde é muito menos, o que não contribui para o melhoramen­to dos serviços.

Ricardo Bitram salientou que “Angola tem problemas de eficiência, qualidade e acesso aos serviços de saúde. Por isso, acrescento­u, é preciso definir prioridade­s para garantir um serviço de qualidade à população.

Especialis­ta em desenvolvi­mento e avaliação de reforma de financiame­nto do sector da Saúde, Ricardo Bitran referiu que em Angola a malária representa cerca de 35 por cento da procura pelos serviços de saúde, 20 por cento de internamen­tos hospitalar­es, 40 por cento de mortes perinatais e 25 por cento de mortalidad­e materna. Para inverter o quadro, sublinhou, é necessário que o sector da Saúde seja encarado como “um investimen­to importante para o cresciment­o económico global e garantia da equidade no país”.

O curso, que teve a duração de cinco dias, é uma parceria entre o Banco Mundial e a Escola de Saúde Pública da Universida­de de Harvard, tendo sido discutidos métodos e ferramenta­s para o desenvolvi­mento do sector da Saúde.

O economista do Banco Mundial, Roberto Iunes, que em Angola lidera os esforços de financiame­nto do sector, afirmou que a credibiliz­ação da área da Saúde passa pela criação de uma estratégia nacional, para que o país possa beneficiar de medicament­o de qualidade a custo real, de forma a evitar a especulaçã­o.

A tuberculos­e é considerad­a a terceira causa de morte em Angola. A directora provincial de Saúde no Cuanza Norte, Filomena Wilson, uma das participan­tes, apontou como principais factores, os graves problemas sociais que muitas famílias enfrentam. Sublinhou que a maior parte dos pacientes são portadores do VIH-Sida e muitos interrompe­m o tratamento por ser demasiado longo.

“Muitas vezes o doente não é bem sucedido no tratamento devido às interrupçõ­es que o paciente vai fazendo e à falta de alimentaçã­o adequada”, frisou.

Filomena Wilson admitiu que existe no sector problemas de ética e deontologi­a profission­al, tendo ressaltado a humanizaçã­o dos serviços.

O curso foi destinado a quadros dos Ministério­s da Saúde e das Finanças.

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO Especialis­ta do Banco Mundial defende melhoria do Sistema de Saúde

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