Centros de Oncologia são construídos em todo o país
Ministro da Saúde anunciou que os centros vão ser erguidos nas províncias de Cabinda, Malanje, Huambo e Huíla, para atender, respectivamente o norte, leste, centro e sul do país, para reduzir a pressão sobre o Instituto Oncológico de Luanda
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, anunciou ontem, em Luanda, a construção de centros de Oncologia, no norte, leste, centro e sul do país, para reduzir a pressão sobre a actual e única unidade de referência no país, em Luanda.
Em declarações prestadas à imprensa, após a visita de constatação do Presidente da República, João Lourenço, ao Instituto Angolano de Controlo do Câncer, ao Hospital Pediátrico “David Bernardino” e ao dos Queimados, no bairro Neves Bendinha, Sílvia Lutucuta disse que vão ser criadas todas as condições para que, a médio e longo prazos, as unidades oncológicas sejam construídas.
A par disso, defendeu que se continue a fazer um trabalho de sensibilização e promoção da saúde e diagnóstico precoce das doenças oncológicas, numa altura em que um dos grandes dramas é que muitos doentes vão à unidade num estado terminal. “Temos de ser mais actuantes no plano da prevenção”, disse a ministra Sílvia Lutucuta que anunciou a instalação de unidades móveis para o diagnóstico do cancro da mama, que é dos mais frequentes.
Quanto à necessidade de implantação de mecanismos de denúncias nos hospitais, a ministra disse ter sido criado, recentemente, uma área de ética e humanização que está a trabalhar na regulamentação e constituição de um departamento do utente para um maior controlo do atendimento desumanizado que, admitiu, ainda ocorre em muitas unidades hospitalares. O Instituto Angolano de Controlo de Câncer é, até agora, a única instituição pública que tem vocação de prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento dos pacientes que sofrem de cancro. Para contrariar o quadro, os novos centros vão ser construídos nas províncias de Malanje, Cabinda, Huambo e Huíla.
O objectivo é desconcentrar a procura que incide no Centro Oncológico de Luanda, explicou o direc- tor-geral do Instituto, Fernando Miguel.
Só no ano passado, revelou, foram registados 1300 novos casos, o que representa um aumento de 17 por cento, comparado com o ano anterior. Nesta altura, seis mil pacientes estão a ser seguidos clinicamente. Deste número, o instituto controla cerca de 150 crianças. De forma geral, os tipos de cancro mais frequentes são os da mama, colo do útero e o da próstata. Nas crianças o mais frequente são os tumores dos rins e os tumores líquidos, que são os linfomas e leucemias. O médico explicou que o aumento da procura pelos serviços oncológicos devese ao facto de as pessoas terem despertado mais para a existência da doença, o que as leva a fazerem mais rastreio. Por isso, na sua visão, com mais meios, era possível fazer face ao actual nível de procura.
Actualmente, cerca de 85 por cento dos pacientes chegam ao centro num estado muito avançado, segundo o responsável. Com capacidade para 80 camas, o centro funciona com apenas 35 camas, pelo facto de o tratamento oncológico com quimioterapia e radioterapia não requerer internamento. É ambulatório. “Hoje, temos as doenças crónicas não transmissíveis, que não revelam sintomas e são mudas, como é o caso das diabetes e do cancro”, disse o responsável que aconselha a mais exames, já que estas doenças não dão sinais.
Hospital Pediátrico
Sem apontar quais são e onde estão localizadas, a ministra Sílvia Lutucuta anunciou a implementação de um programa de melhoria de cinco unidades hospitalares de referência na capital em Luanda, para descongestionar o Hospital Pediátrico “David Bernardino”.
A unidade hospitalar tem capacidade para 422 camas, mas chega a atingir uma taxa de ocupação de 430 pacientes. Só no primeiro trimestre deste ano, foram observados 379 crianças, revelou o directorgeral do hospital. Francisco Domingos acrescentou que, actualmente, o hospital recebe, em média, perto de 70 crianças por dia. Diariamente são registados seis óbitos.
O objectivo da direcção do hospital, disse, é resolver em definitivo o problema da sobrelotação. Por exemplo, o banco de urgências, com capacidade de 59 camas, em períodos de pico chega a dobrar este número, principalmente quando aumenta o nível de doentes por malária, doenças respiratórias e diarreicas agudas, malnutrição e infecção de recémnascido. O hospital conta com 630 funcionários, entre médicos, enfermeiros e de outras áreas. Ainda assim, precisa de mais 300 funcionários para suprir as necessidades, afirmou.
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Instituto Angolano de Controlo de Câncer é, até agora, a única instituição pública que tem vocação de prevenção, diagnóstico, tratamento e seguimento dos pacientes com cancro
“Angolanas e angolanos, não podemos assistir impávidos à perda de vidas por doenças preveníveis e assistência médica deficiente. A visita hoje (ontem) a três hospitais em Luanda permitiu-nos perceber a angústia das famílias e transmitir orientações par reverter a situação”, escreveu o Presidente na sua conta no Tweeter.