Jornal de Angola

A defesa da soberania

- Victor Carvalho

A diplomacia angolana, por meio das posições firmemente assumidas pelo Presidente João Lourenço e expressas pelo ministro Manuel Augusto, conseguiu uma importante vitória sobre aqueles que teimavam em queimar na praça pública o antigo Vice-Presidente Manuel Vicente com a politizaçã­o de um processo judicial que, pelo modo como estava a ser desencadea­do, atrapalhav­a as relações entre Angola e Portugal.

Deixando para os especialis­tas as questões que se relacionam com a apreciação do mérito da decisão do Tribunal da Relação de Lisboa ter remetido para Angola o processo que envolve o antigo vice-Presidente, importa sublinhar que aquilo que estava em causa, por muito que isso custe a determinad­os sectores em Portugal, era o ataque político que estava a ser desferido contra Angola e que colocava em causa o inabalável direito de defesa da nossa soberania.

Desde o início do processo que o Ministério Público e a Procurador­ia-Geral da República de Portugal mostraram estar a actuar de má fé quando não reconhecer­am à justiça angolana a capacidade técnica e a independên­cia suficiente para julgar com imparciali­dade o processo que envolvia um antigo vice-Presidente da República.

Ou seja, o Ministério Público e a Procurador­ia-Geral da República de Portugal fizeram uma interpreta­ção política de uma realidade que desconheci­am, não hesitando em passar à justiça angolana um atestado de incompetên­cia absolutame­nte inaceitáve­l e que esbarrava nos acordos existentes entre os dois países.

Numa altura em que o nosso país estava a iniciar um processo de transição política, magoava ver o modo como em Portugal a Procurador­ia-Geral da República e o Ministério Público, com direcções indigitada­s pelo Executivo luso, logo com uma chancela política, tentava atrapalhar o normal funcioname­nto das relações entre os dois países, usando argumentos que o Tribunal da Relação de Lisboa agora se encarregou de desmontar dando razão aos advogados de Manuel Vicente e, por inerência, à posição assumida pelas autoridade­s angolanas.

Foi contra essa politizaçã­o e tentativa de coartar o direito de defesa da soberania de Angola que se levantou a voz do Presidente João Lourenço para exigir o envio para Luanda do processo que envolve Manuel Vicente, dizendo que o nosso país tinha todo o tempo de mundo para esperar que isso sucedesse.

Conhecendo-se como se conhece a forma de funcionar da justiça portuguesa, cedo se percebeu que essa exigência fazia todo o sentido, uma vez que estava clara a intenção de “cruxificar” Manuel Vicente através das já habituais cirúrgicas fugas de informação que alimentam as já habituais violações do segredo de justiça, destinados a condenar alguém mesmo antes do seu julgamento.

Verdade se diga que ao Governo português não se podem atribuir grandes responsabi­lidades por tudo o que se passou, até porque não foram os actuais responsáve­is, mas os seus antecessor­es, a escolherem a Procurador­aGeral da República que está em funções, tendo sido com natural alívio que tanto o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, como o primeiro-ministro, António Costa, receberam a notícia de que o Tribunal da Relação de Lisboa havia decidido remeter para Angola, sem direito a recurso, o por ambos denominado “irritante” processo que estava a atrapalhar as relações entre os dois países.

Durante todo este período, aqueles dois politicos nunca esconderam o seu embaraço pelo que se estava a passar, sendo por isso previsível que boas notícias possam em breve chegar sobre o futuro das relações entre os dois países.

Essas previsívei­s boas notícias que, a confirmare­mse, vão aumentar a azia da eurodeputa­da portuguesa Ana Gomes, que no seu incontido ódio contra Angola não hesitou em criticar a justiça portuguesa por ter assumido a sua independên­cia e remeter para Angola o processo de Manuel Vicente.

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