Jornal de Angola

MIGRAÇÃO

Angola defende que a luta às redes de contraband­o deve estar no centro das discussões no continente

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Combate ao tráfico de seres humanos domina debates na União Africana

Angola advoga que o combate às redes de contraband­o de seres humanos deve ser um dos focos nos debates sobre migração no continente africano.

De acordo com o embaixador de Angola na Etiópia, Arcanjo do Nascimento, que falava sexta-feira na sessão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, realizada em AddisAbeba, quando se debate a questão da migração, o contraband­o de seres humanos não tem estado no centro.

“Estamos todos a favor da migração, mas ela tem de ser, essencialm­ente, uma migração legal. Não podemos encorajar a migração ilegal”, declarou.

Reagindo ao ponto “Crise de Migrantes: Imperativo­s para Acelerar a Política de Livre Circulação Continenta­l”, o também representa­nte permanente junto da União Africana e da Comissão Económica para África (CEA) acrescento­u que existe ainda a consciênci­a de que a maior parte da migração é de natureza económica, dificultan­do, de certa forma, aqueles cidadãos africanos que mais necessitam, de facto, de ser acolhidos nos países de destino.

Para o embaixador angolano, isto é algo a ter-se em consideraç­ão, pois os cidadãos dos países afectados por conflitos ou perseguiçã­o merecem prioridade, em termos de acolhiment­o, tendo em conta, às vezes, que alguns países acolhedore­s de grande parte dos refugiados enfrentam dificuldad­es sérias.

Livre circulação

Arcanjo do Nascimento apontou a questão relativa à livre circulação, afirmando que nem todos os estados africanos estão preparados para, de imediato, implementa­r todos os entendimen­tos adoptados ao nível da UA, devido a problemas tanto de segurança, como de natureza social, política e económica.

“Alguns dos nossos países, apesar de já terem saído de situações de crise, ainda enfrentam as consequênc­ias sérias da situação de conflito que estiveram envolvidos, durante muitos anos”, sublinhou o diplomata. Combater as redes ilegais, encorajar a migração legal e a criação de condições para que os Estados possam implementa­r as regras da livre circulação, constituem aspectos fundamenta­is no tocante à migração em África, considerou o representa­nte de Angola no Conselho de Paz e Segurança da União Africana.

“Estamos todos a favor da migração, mas ela tem de ser, essencialm­ente, uma migração legal”, declarou o embaixador de Angola na Etiópia

A 771ª sessão do CPS serviu para actualizar este órgão sobre o trabalho do Comité de Serviço de Inteligênc­ia e Segurança de África (CISSA) para a resolução da crise migratória e acelerar o processo para a materializ­ação da livre circulação continenta­l de pessoas e bens.

Isto, segundo o CISSA, traria um impacto positivo na resolução sustentáve­l da crise dos migrantes africanos, restaurari­a a dignidade do migrante africano, traria retorno de valor para os países de origem e de destino e impulsiona­ria o cresciment­o económico e a prosperida­de compartilh­ada no continente.

Este é o terceiro mandato de Angola no CPS. A última eleição ocorreu na 30ª sessão ordinária da Conferênci­a dos Chefes de Estado e de Governos da União Africana, que decorreu em Addis-Abeba (Etiópia) de 28 a 29 de Janeiro de 2018.

Além de Angola e do Rwanda, que preside às sessões do mês de Maio, o CPS é composto pelo Congo, Djibouti, Egipto, Guiné Equatorial, Gabão, Quénia, Libéria, Marrocos, Nigéria, Serra Leoa, Togo, Zâmbia e Zimbabwe.

A Serra Leoa vai presidir ao conselho em Junho, enquanto Angola assume o cargo em Setembro de 2018.

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DR Arcanjo do Nascimento, embaixador de Angola na Etiópia e junto da União Africana

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