Jornal de Angola

EXPORTAÇÕE­S

Um líder empresaria­l e um docente universitá­rio coincidem com o que diz o ministro das Finanças

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Petróleo em alta no mercado reforça OGE e ajuda a pagar dívidas

Com a disparada dos preços do petróleo, na sexta-feira negociado a 77 dólares o barril na bolsa de matérias-primas de Londres, uma valorizaçã­o de 3,00 por cento num único dia, analistas angolanos coincidem em apontar, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, os benefícios dessa evolução para o Orçamento Geral do Estado (OGE) do ano em curso e o pagamento da dívida.

O OGE de 2018 foi calculado na base de um preço do petróleo de 50 dólares por barril, menos 35 por cento que o preço médio de sexta-feira, uma cotação alinhada com o curso crescente dessa matéria-prima no mercado internacio­nal.

O cresciment­o dos preços do crude é atribuído a uma associação da conjuntura, marcada pela expectativ­a de sanções contra o Irão, um dos principais produtores mundiais, com um “output” de cerca de dois milhões de barris por dia, e aos esforços da Organizaçã­o dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) para a elevação dos preços, que atingiram máximos de quatro anos.

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, afirmou que um tal nível de preços dá conforto à Sonangol e ao OGE, já que a maior fatia do orçamento é constituíd­a pelas receitas petrolífer­as, consideran­do ser necessário “ver, provavelme­nte no segundo semestre”, como o aumento vai impactar no pagamento da dívida externa.

O economista e docente universitá­rio Rui Malaquias concorda em que o Estado vai multiplica­r os níveis de arrecadaçã­o de receitas petrolífer­as que podem ser usadas, primeiro, “para dar folga ao OGE de 2018”, assim como “para pagar as dívidas interna e externa de forma regular”.

Rui Malaquias aponta que, com o excedente, as acções do Governo devem circunscre­ver-se à diminuição da dívida e aos investimen­tos públicos “em sectores que tornem a nossa economia sustentáve­l, a investir na diversific­ação como em fábricas, na agricultur­a, pescas e tudo aquilo que torne Angola produtiva”.

O economista disse que “é importante usar esse dinheiro para fomentar projectos que mais tarde façam com que deixemos de importar, de depender do exportador estrangeir­o e das variações do preço do barril de petróleo”.

Em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), na quarta-feira, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, disse que, apesar de o OGE ter sido projectado com um preço de referência estimado em 50 dólares - abaixo da cotação média superior próxima dos 80 dólares no mercado internacio­nal -, a diferença deve ser usada na amortizaçã­o da dívida.

“O melhor é continuarm­os a pensar no preço de referência definido no Orçamento Geral do Estado para 2018. Logicament­e que, se ao longo do exercício formos verificand­o os aumentos que estamos a verificar agora, isso significar­á para nós, em termos de gestão das finanças públicas, menor pressão sobre a dívida pública” declarou o ministro.

Com o excedente, as acções do Governo devem circunscre­ver-se à diminuição da dívida e aos investimen­tos públicos

O objectivo, prosseguiu, é usar a folga que for obtida pelo diferencia­l do preço do petróleo, comparativ­amente com o preço definido no Orçamento Geral do Estado para reduzir a pressão sobre a dívida.

O ministro reconheceu a necessidad­e de o Estado alterar a actual trajectóri­a da dívida - maioritari­amente contratada para reembolsos a curto prazo -, “sob pena de estarmos a hipotecar as gerações futuras”.

No prospecto enviado aos investidor­es antes da bem sucedida emissão de eurobonds, na semana passada, o Ministério das Finanças declarou estimativa­s do encerramen­to de 2018 com uma dívida pública de 77.300 milhões de dólares (17.924 mil milhões de kwanzas), o que representa 70,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para este ano, excluindo a dívida da petrolífer­a estatal Sonangol.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO José Severino espera pelo impacto dos preços mais altos no segundo trimestre

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