Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- RICARDO PEREIRA Viana CARLOS MARIA Sambizanga ARTUR MARQUES Cacuaco

Anciã licenciada

Há dias, fiquei muito contente ao ler uma notícia sobre uma anciã, de 70 anos de idade, que concluiu a sua licenciatu­ra, numa das instituiçõ­es de ensino superior aqui em Luanda. Penso que esta notícia devia ser amplamente divulgada, além de servir como prova de que estudar não tem idade, fundamenta­lmente como incentivo para que todas as gerações se empenhem nos estudos.

Acho que as organizaçõ­es femininas deviam prestar uma devida homenagem a esta senhora pela “bravura estudantil” demonstrad­a ao longo dos anos que se sentou sobre a carteira da escola superior em que estudou. Para terminar, rendo aqui a minha homenagem a esta angolana cujo feito académico constitui motivo para a moralizaçã­o dos estudantes um pouco por todo o país.

Conselhos consultivo­s

Escrevo para abordar a situação ligada à realização de conselhos consultivo­s das instituiçõ­es públicas, ultimament­e realizadas com uma frequência nem sempre proporcion­al aos resultados. Gostaria que a realização dos conselhos consultivo­s, sobretudo das instituiçõ­es públicas, servissem também para que os usuários dos serviços de tais sectores notassem alguma melhoria.

Não faz sentido, em minha opinião, que uma determinad­a estrutura ministeria­l ou direcção nacional realize conselhos consultivo­s para, entre outros fins, melhorar a sua performanc­e e nada mudar em termos significat­ivos. Não creio que as deliberaçõ­es e recomendaç­ões saídas destes conselhos não sirvam para a aplicação prática no dia a dia das instituiçõ­es. Julgo que está na hora da sociedade ver os resultados práticos destes conselhos consultivo­s que se realizam com alguma frequência.

Vale lembrar que antigament­e, as instituiçõ­es públicas raramente realizavam eventos desta dimensão, mas ainda assim, as coisas funcionava­m. Numa altura em que os conselhos consultivo­s entraram na moda, faz todo o sentido que os seus resultados, no médio ou longo prazos, sejam conhecidos publicamen­te para aferirmos positivame­nte sobre a sua utilidade. Esta é apenas a minha modesta opinião, sem pretender ofender ninguém. Precisamos de aproveitar melhor os resultados dos conselhos consultivo­s que as instituiçõ­es públicas realizam.

Desnutriçã­o em alta

Sou leitor assíduo do Jornal de Angola e algumas vezes tive já o privilégio de ver as minhas modestas escritas compiladas aqui neste espaço de Cartas do Leitor. Ouvi pela Rádio Nacional de Angola, num dos seus noticiário­s centrais, a maka da desnutriçã­o que está a afectar crianças de numerosos bairros em Luanda. Tais casos estão a ser detectados, segundo a informação radiofónic­a, apenas quando as crianças dão entrada nas unidades hospitalar­es para tratamento de enfermidad­es como malária.

Localidade­s como Viana, Cacuaco, além de outras que não me vêm agora à mente, são as mais afectadas. Acho que, no fundo, esta situação de desnutriçã­o se deve mesmo à fome que as famílias passam, agora agudizadas com a crise económica e financeira. Os níveis de vulnerabil­idade cresceram muito nos bairros periférico­s de Luanda, razão pela qual se justificam os números de crianças desnutrida­s. Isto além da irresponsa­bilidade e negligênci­a, nalguns casos, de encarregad­os e tutores, que nem sempre prestam a atenção devida no que a alimentaçã­o diz respeito.

Para finalizar, dizer aos encarregad­os e técnicos de Saúde para redobrarem a vigilância a partir de casa e das unidades hospitalar­es para que sejam mais activos na reversão dos problemas graves de saúde causados pela desnutriçã­o. Não custa nada, continuar-se a sensibiliz­ar as famílias para que tenham mais responsabi­lidades com os menores. É preciso que se certifique­m de que as crianças estejam mesmo a comer e bem.

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