CARTAS DOS LEITORES
Anciã licenciada
Há dias, fiquei muito contente ao ler uma notícia sobre uma anciã, de 70 anos de idade, que concluiu a sua licenciatura, numa das instituições de ensino superior aqui em Luanda. Penso que esta notícia devia ser amplamente divulgada, além de servir como prova de que estudar não tem idade, fundamentalmente como incentivo para que todas as gerações se empenhem nos estudos.
Acho que as organizações femininas deviam prestar uma devida homenagem a esta senhora pela “bravura estudantil” demonstrada ao longo dos anos que se sentou sobre a carteira da escola superior em que estudou. Para terminar, rendo aqui a minha homenagem a esta angolana cujo feito académico constitui motivo para a moralização dos estudantes um pouco por todo o país.
Conselhos consultivos
Escrevo para abordar a situação ligada à realização de conselhos consultivos das instituições públicas, ultimamente realizadas com uma frequência nem sempre proporcional aos resultados. Gostaria que a realização dos conselhos consultivos, sobretudo das instituições públicas, servissem também para que os usuários dos serviços de tais sectores notassem alguma melhoria.
Não faz sentido, em minha opinião, que uma determinada estrutura ministerial ou direcção nacional realize conselhos consultivos para, entre outros fins, melhorar a sua performance e nada mudar em termos significativos. Não creio que as deliberações e recomendações saídas destes conselhos não sirvam para a aplicação prática no dia a dia das instituições. Julgo que está na hora da sociedade ver os resultados práticos destes conselhos consultivos que se realizam com alguma frequência.
Vale lembrar que antigamente, as instituições públicas raramente realizavam eventos desta dimensão, mas ainda assim, as coisas funcionavam. Numa altura em que os conselhos consultivos entraram na moda, faz todo o sentido que os seus resultados, no médio ou longo prazos, sejam conhecidos publicamente para aferirmos positivamente sobre a sua utilidade. Esta é apenas a minha modesta opinião, sem pretender ofender ninguém. Precisamos de aproveitar melhor os resultados dos conselhos consultivos que as instituições públicas realizam.
Desnutrição em alta
Sou leitor assíduo do Jornal de Angola e algumas vezes tive já o privilégio de ver as minhas modestas escritas compiladas aqui neste espaço de Cartas do Leitor. Ouvi pela Rádio Nacional de Angola, num dos seus noticiários centrais, a maka da desnutrição que está a afectar crianças de numerosos bairros em Luanda. Tais casos estão a ser detectados, segundo a informação radiofónica, apenas quando as crianças dão entrada nas unidades hospitalares para tratamento de enfermidades como malária.
Localidades como Viana, Cacuaco, além de outras que não me vêm agora à mente, são as mais afectadas. Acho que, no fundo, esta situação de desnutrição se deve mesmo à fome que as famílias passam, agora agudizadas com a crise económica e financeira. Os níveis de vulnerabilidade cresceram muito nos bairros periféricos de Luanda, razão pela qual se justificam os números de crianças desnutridas. Isto além da irresponsabilidade e negligência, nalguns casos, de encarregados e tutores, que nem sempre prestam a atenção devida no que a alimentação diz respeito.
Para finalizar, dizer aos encarregados e técnicos de Saúde para redobrarem a vigilância a partir de casa e das unidades hospitalares para que sejam mais activos na reversão dos problemas graves de saúde causados pela desnutrição. Não custa nada, continuar-se a sensibilizar as famílias para que tenham mais responsabilidades com os menores. É preciso que se certifiquem de que as crianças estejam mesmo a comer e bem.