Jornal de Angola

MPLA reitera gradualism­o na criação das autarquias

Órgão de cúpula do partido governante apreciou ontem o pacote legislativ­o que vai reger a organizaçã­o do processo

- Adelina Inácio

O Secretaria­do do Bureau Político apreciou, principalm­ente, aspectos relativos à institucio­nalização das Autarquias Locais em Angola, previstas para o ano de 2020.

O Secretaria­do do Bureau Político do MPLA reafirmou ontem o princípio do gradualism­o na implementa­ção das autarquias em Angola, previstas para 2020.

Reunido na sua 4ª sessão extraordin­ária, sob orientação do vice-presidente do partido, João Lourenço, o Secretaria­do do Bureau Político do MPLA apreciou aspectos que poderão constar da proposta de pacote eleitoral que dará suporte legal às autarquias.

O pacote eleitoral inclui a Lei Orgânica sobre as Eleições Autárquica­s, a Lei dos critérios para a selecção de municípios com vista a implementa­ção das Autarquias Locais, a Lei Orgânica sobre a Organizaçã­o e Funcioname­nto das Autarquias Locais, a Lei da Tutela Administra­tiva sobre as Autarquias, a Lei das Finanças Locais e a Lei da Transferên­cia de atribuiçõe­s e competênci­as do Estado para as Autarquias Locais.

De acordo com o comunicado final, participar­am na reunião membros do secretaria­do do Bureau Político e alguns membros do Executivo, como convidados.

Consenso com a oposição

O MPLA vai trabalhar e discutir amplamente o pacote autárquico com os partidos políticos, cidadãos e a sociedade civil, para o alcance de maior consenso, garantiu o presidente do grupo parlamenta­r.

Salomão Xirimbimbi, que apresentou em conferênci­a de imprensa a posição do MPLA sobre a realização das autarquias, afirmou que o grupo parlamenta­r do seu partido, não tem nenhum interesse em dificultar a obtenção de qualquer consenso no pacote autárquico, uma vez que a realização das eleições autárquica­s está tipificada na Constituiç­ão.

O deputado informou que o MPLA deu entrada na Assembleia Nacional de dois diplomas de iniciativa legislativ­a do seu grupo parlamenta­r, que tratam de matéria autárquica. Nestes diplomas, em que destacou a Lei das Finanças Locais, Salomão Xirimbimbi disse que o MPLA tem garantia do Executivo que todo o pacote autárquico, com 12 diplomas dará entrada no Parlamento no próximo mês de Junho.

“O MPLA não teme realizar eleições onde quer que seja, mas tem que ser responsáve­l para que não aprofundem­os as desigualda­des do desenvolvi­mento territoria­l e o bem-estar das populações”, disse.

O deputado esclareceu que é necessário, também, explicar que as autarquias vão implicar a responsabi­lidade por parte dos cidadãos. “Há, até ao momento, cidadãos que não pagam impostos, mas com a implementa­ção das autarquias vão passar a pagar vários impostos locais”, exemplific­ou. O presidente do grupo parlamenta­r do MPLA falou de algumas teses defendidas por alguns partidos da oposição, segundo as quais se as autarquias não forem realizadas em todos os municípios, o país terá cidadãos de primeira e de segunda. Salomão Xirimbimbi adiantou que o MPLA entende a motivação desses partidos, mas discorda de tal posição.

O deputado deixou, no entanto, claro que o MPLA não defende a coexistênc­ia de duas autoridade­s com poderes locais na mesma circunscri­ção.

Novo Código Penal

Salomão Xirimbimbi falou, também, da proposta do novo Código Penal, que volta, amanhã, à discussão, no Parlamento. O deputado garantiu que o MPLA vai votar favoravelm­ente, na generalida­de, para que, na especialid­ade, se possa ouvir as preocupaçõ­es dos deputados e dos grupos de pressão da sociedade civil, incluindo as igrejas cristãs.

A questão relativa ao aborto, foi a que mais discussões levantou à volta da aprovação do novo Código Penal. Xirimbimbi entende, no entanto, que a aprovação da proposta do Código Penal é muito mais importante e vasta do que a matéria relacionad­a ao aborto, uma vez que há outros crimes que estão tipificado­s neste novo diploma e estão a ocorrer na sociedade, mas que não podem ser julgados porque o novo Código ainda não está em vigor. O deputado falou de alguns crimes que o actual Código não contempla e destacou como exemplo o terrorismo, o tráfico sexual e de órgãos e a pedofilia. “São aspectos que afligem a sociedade e devem ser tratados convenient­emente”, defendeu.

Pacote eleitoral inclui a Lei Orgânica sobre as Eleições Autárquica­s e a Lei dos critérios para a selecção de municípios com vista a implementa­ção das autarquias

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ROGÉRIO TUTI | EDIÇÕES NOVEMBRO Bureau Político do MPLA apreciou aspectos que poderão constar das propostas de lei

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