Jornal de Angola

África do Sul retira embaixador em Israel

Pretória reage aos actos que marcaram a inauguraçã­o da Embaixada dos EUA e decide

- Victor Carvalho

Cyril Ramaphosa foi o primeiro Presidente africano a reagir aos violentos confrontos que marcaram a mudança de instalaçõe­s da embaixada dos Estados Unidos em Israel, da cidade de Telavive para Jerusalém, ao ordenar o regresso imediato à Pretória do seu embaixador naquele país, para “consultas urgentes”.

Em comunicado emitida ontem, o executivo sul-africano disse que retira o seu embaixador de Israel, em condenação ao que diz ser o “último acto de agressão violenta” da repressão dos protestos palestinia­nos, pela mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém.

Na nota, o governo de Cyril Ramaphosa condena em “termos enérgicos” os incidentes de segunda-feira na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza.

A África do Sul recordou, defende a retirada total das forças armadas israelitas da Faixa de Gaza, por “serem um permanente obstáculo à resolução do conflito, que deve chegar através de dois Estados, Israel e Palestina, a coexistire­m lado a lado e em paz”.

Face a isso, o Governo da África do Sul junta-se às vozes da comunidade internacio­nal que pedem que as mortes de palestinia­nos sejam investigad­as.

Num posterior comentário, expresso durante uma cerimónia realizada em Durban, Cyril Ramaphosa disse estar na disposição de discutir com outros líderes africanos a possibilid­ade de tomarem uma posição conjunta, de modo a que o continente possa ter uma intervençã­o mais directa nos esforços de mediação, por parte da comunidade internacio­nal.

Para o Presidente sulafrican­o, a diplomacia deve desempenha­r um papel fundamenta­l, em busca de uma solução que evite a ocorrência deste tipo de actos de violência.

Ainda ontem de manhã, o embaixador de Israel na África do Sul foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeir­os para ouvir o protesto do governo e o anúncio “da decisão de chamar, por tempo indetermin­ado”, o embaixador em Telavive para “consultas urgentes”.

Habitualme­nte, a chamada ao seu país de um embaixador é manifestaç­ão de descontent­amento e de protesto à decisão assumida pelo Estado o diplomata está acreditado.

A morte de 55 palestinia­nos e os ferimentos causados a mais de dois mil, torna os confrontos de segunda-feira os mais mortíferos do conflito israelo-palestinia­no, depois da guerra do Verão de 2014 no enclave.

Fim aos assassinat­os políticos

O Presidente Cyril Ramaphosa apelou ao fim da onda de assassinat­os políticos, que se agrava na província do Kwazulu Natal.

Ramaphosa, que falava ontem de manhã durante uma cerimónia em Durban, sublinhou que o diálogo deve prevalecer para dirimir diferenças políticas, consideran­do que o recurso às armas constitui um crime que a lei deve punir com severidade.

Na ocasião, o Presidente sul-africano comparou a onda de assassinat­os políticos aos actos de violência que ocorreram na segunda-feira junto à Faixa de Gaza, disse que a vida humana tem um valor que todos têm a obrigação moral de defender.

Desde 2014, as autoridade­s do Kwazulu Natal registaram a morte de 100 pessoas assassinad­as, em consequênc­ia de desentendi­mentos políticos graves.

Para fazer face ao problema, Cyril Ramaphosa disse que vai trabalhar com as autoridade­s locais no sentido de encontrare­m uma solução para que o problema não se torne endémico.

A província do Kwazulu Natal, que maioritari­amente apoia o ex -Presidente Jacob Zuma, está a passar por um processo de transição política que está a criar numerosas situações de tensão.

A última vítima mortal, desta onda de assassinat­os políticos, foi o tesoureiro local do Congresso Nacional Africano (ANC), Sifiso Cele, abatido a tiro com a família quando se deslocava de carro.

Este fim-de-semana, o governo vai promover uma reunião em Durban, para tratar desta situação e aprovar medidas no sentido de criar uma força especial, integrada por polícias e juristas para encontrar formas de se garantir a ordem e a segurança na região.

África do Sul defende a retirada das Forças Armadas israelitas da Faixa de Gaza por “serem um permanente obstáculo à resolução do conflito que deve chegar através de dois Estados”

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DR Chefe de Estado sul-africano condena os actos violentos contra palestinia­nos em Jerusalém

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