Jornal de Angola

Capital do desleixo

- Luciano Rocha

O desrespeit­o pela capital do país por parte de quem tem a obrigação de cuidar dela, mas igualmente dos responsáve­is de várias empresas, tal como de muitos dos que a habitam, faz de Luanda “a capital do desleixo”.

Nem o velho Bairro do Maculusso e zonas que o circundam, onde proliferam vivendas, com quintais e quintalões - alguns transforma­dos em espaços de “sopa e almoço” -, a maioria construída com “o dinheiro do café “dos anos 1950, escapa à razia movida pela incompetên­cia e preguiça. Visível nos “avançados” que lhes tapam a vista, com janelas de vender gasosas, água, cerveja, gelo, a par de “andares suplementa­res” colocados em cima de terraços. Também nos “alçapões” na via pública, com águas a escorrer por ela, nas árvores por podar e caídas por terra por falta de tratamento, lixo a transborda­r dos contentore­s, placas toponímica­s falhas de informação indispensá­vel, cães vadios que se dispensam.

Um dia destes, passei pela Rua Joaquim Capango, exactament­e no Maculusso. Entre dois restaurant­es, um contentor extravasav­a toda a espécie de “lixo doméstico”. A poucos metros, numa das esquinas com a Comandante Kwenha, um candeeiro público permanecia deitado no chão. Provavelme­nte derrubado pela viatura de “um ás do volante”. Ou, quem sabe ?, cansado de estar de pé numa cidade às escuras.

Maculusso quem o viu e quem o vê! E é das zonas da capital menos atingida pela ira dos deuses alérgicos a tudo que seja trabalho, competênci­a, urbanidade, urbanismo.

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