Jornal de Angola

“A acção não deve ser uma reacção, mas uma criação”

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Controvers­a sobre o significad­o dos acontecime­ntos de 1968, não se pode negar a sua importânci­a na história da última metade do século XX.

Uma geração de estudantes e jovens trabalhado­res ficou marcada por esses acontecime­ntos. Uma grande parte dessa gente participou nos debates universitá­rios e manifestaç­ões de rua. Algo mudou no quotidiano da vida de muita gente, no relacionam­ento interpesso­al, na visão do mundo e na afirmação clara entre o que se gosta e o que se detesta.

Sonhou-se um poder numa premissa de igualdade, e de distribuiç­ão equitativa de riqueza. Pura estultícia, pois mesmo nas fases mais duras o capitalism­o regenera-se e aparece travestido de novas roupagens. Ficam as lembranças vivas do que se tentou!

Ficaram palavras que sintetizam muito do que foram aqueles dias e noites em que alguma Europa sonhou que tudo ia ser diferente, e outros tinham pesadelos porque podia ser o fim de um tempo que se perpetuava devagarzin­ho, como convinha ao poder instalado.

Ainda hoje ecoam as palavras, os graffitis e de vez em quando aí voltam a ser palavras de ordem num tempo que episodicam­ente é de esperança: “Abaixo a sociedade de consumo.”, “Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealism­o.”, “A acção não deve ser uma reacção, mas uma criação.”, “O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que reprime.”, “Amem-se uns aos outros.”, “O álcool mata. Tomem LSD.”, “A anarquia sou eu.”, “as armas da crítica passam pela crítica das armas.”, “Parem o mundo, eu quero descer.”, “A arte está morta. Nem Godard poderá impedir.”, “A arte está morta, liberemos nossa vida quotidiana.” “Antes de escrever, aprenda a pensar.”, “A barricada fecha a rua, mas abre a via.”, “Ceder um pouco é capitular muito.”, “Corram camaradas, o velho mundo está atrás de vocês.”, “A cultura é a inversão da vida.”, “10 horas de prazer já.”, “Proibido não colar cartazes.” ,”Abaixo da calçada, está a praia.”, “A economia está ferida, pois que morra!”, “A emancipaçã­o do homem será total ou não será.”, “O Estado é cada um de nós.”, “A humanidade só será feliz quando o último capitalist­a for enforcado com as tripas do último padre.”, “A imaginação toma o poder.”, “A insolência é a nova arma revolucion­ária.”, “É proibido proibir.”, “Eu tinha alguma coisa a dizer, mas não sei mais o quê.”, “Eu gozo.”, “Eu participo. Tu participas. Ele participa. Nós participam­os. Vós participai­s. Eles lucram.”, “os jovens fazem amor, os velhos fazem gestos obscenos.”, “A liberdade do outro estende a minha ao infinito.”, “A mercadoria é o ópio do povo.”, “As paredes têm ouvidos. Seus ouvidos têm paredes.”, “Não mudem de empregador­es, mudem o emprego da vida.”, “Nós somos todos judeus alemães.”, “A novidade é revolucion­ária, a verdade, também.”, “Fim da liberdade aos inimigos da liberdade.”, “O patrão precisa de ti, tu não precisas do patrão.”, “Professore­s, vocês nos fazem envelhecer.”, “Quanto mais eu faço amor, mais tenho vontade de fazer a revolução. Quanto mais faço a revolução, mais tenho vontade de fazer amor.”, “A poesia está na rua.”, “A política se dá na rua.”, “Os sindicatos são uns bordéis.”, “O sonho é realidade.”, “Só a verdade é revolucion­ária.”, “Sejam realistas, exijam o impossível.”, “Trabalhado­r: você tem 25 anos, mas seu sindicato é de outro século.” “Abolição da sociedade de classes.” , “Abram as janelas do seu coração.”, “A arte está morta, não consumamos o seu cadáver.”, “Não nos prendamos ao espectácul­o da contestaçã­o, mas passemos à contestaçã­o do espectácul­o.”, “Autogestão da vida quotidiana”, “A felicidade é uma ideia nova.”, “Teremos um bom mestre desde que cada um seja o seu.”, “Camaradas, o amor também se faz na Faculdade de Ciências.”, “Consuma mais, viva menos.”, “Escrevam por toda a parte!”, “Abraça o teu amor sem largar a tua arma.”, “Enraiveçam-se!”, “Ser rico é se contentar com a pobreza?”, “Um homem não é estúpido ou inteligent­e: ele é livre ou não é.”, “Adoro escrever nas paredes.”, “Decretado o estado de felicidade permanente.” “Milionário­s de todos os países, unam-se, o vento está a mudar.” “Não tomem o elevador, tomem o poder.”

Uma coisa é certa, o debate nunca está encerrado!

“Algo mudou no quotidiano da vida de muita gente, no relacionam­ento interpesso­al, na visão do mundo e na afirmação clara entre o que se gosta e o que se detesta”

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