Jornal de Angola

Talhos em situação ilegal proliferam na periferia

O responsáve­l pelos Serviços Veterinári­os de Luanda disse que os cidadãos que se dedicam à venda desses alimentos não estão autorizado­s a exercer a actividade

- César Esteves

Talhosimpr­ovisados em lugares sem o mínimo de condições de higiene são cada vez mais em maior número em Luanda, muitos deles explorados por estrangeir­os.

As carnes , além de serem conservada­s em lugares impróprios e sem a temperatur­a desejável, são penduradas em ganchos enferrujad­os.

Nas paredes não há nenhum documento que autoriza a actividade. Apenas uma tabela de preços.

Na Samba, onde estão uns tantos, o JornaldeAn­gola tentou conversar com o responsáve­l de um dos talhos ali instalado, mas sem sucesso.

“Não vou falar. Vai só”, disse o responsáve­l de um estabeleci­mento que fica no Antigo Controlo, a poucos metros da esquadra da Polícia Nacional da Corimba, socorrendo-se de um português de difícil pronúncia.

Dirigimo-nos a um outro estabeleci­mento, localizado nos arredores do Prédio do Café, no bairro Rocha Pinto. O responsáve­l aceitou falar, mas sem imagem.

Disse que já desenvolve a actividade há muito tempo. Indagado sobre o local onde compra as carnes que comerciali­za, não aponta nenhum matadouro, como era de esperar. “Compramos o boi e abatemo-lo”, declarou.

Sobre a autorizaçã­o para desenvolve­r a actividade­s, o comerciant­e disse não saber nada sobre a questão, pois argumentou não ser o dono do talho. “Eu sou apenas funcionári­o”, frisou.

Inocente dos riscos que correm, ao consumir as carnes ali vendidas, a população adere em massa. "A carne abatida localmente é mais saudável que a importada", justificou uma senhora, que aguardava pela sua vez para ser atendida.

Sem conhecer as consequênc­ias que o consumo desta carne pode causar à saúde, a curto ou médio prazo, a cidadã disse que compra sempre a carne naquele lugar, desde que abriu.

"Antes comprava a carne i mportada no mercado, mas, desde que esse talho surgiu, passei a comprar aqui", salientou.

Serviços de veterinári­a

Contactado pelo Jornalde Angola, João de Carvalho, chefe de Departamen­to Provincial dos Serviços Veterinári­os de Luanda, disse não estar informado sobre o surgimento dessa rede de talhos improvisad­os na cidade capital, mas prometeu desenvolve­r acções para saber o que se está a passar.

João de Carvalho acrescento­u que nenhum desses cidadãos solicitou junto dos Serviços de Veterinári­a licença para explorar a actividade. “Não tenho conhecimen­to de nenhum pedido de licença, por parte desses cidadãos, para exploração desse negócio”, declarou.

Apesar de as evidências indicarem que eles estão a exercer a actividade de forma ilegal, João de Carvalho prometeu deslocar-se com uma equipa ao terreno para saber quem os autorizou a exercer a actividade.

Em caso de se confirmar que não dispõem de autorizaçã­o, João de Carvalho disse que a medida passa pelo encerramen­to dos estabeleci­mentos com apreensão de todos os produtos.

“O que eles estão a fazer é um atentado à saúde pública”, salientou.

João de Carvalho esclareceu que ninguém deve comerciali­zar produtos de origem animal, sem que antes lhes seja passado um certificad­o higieno-sanitário, documento que atesta que o estabeleci­mento, seja peixaria, talho, leitaria ou posto frigorífic­o está habilitado a desenvolve­r a actividade de retalhista.

Além deste documento, o chefe de Departamen­to Provincial dos Serviços Veterinári­os de Luanda disse que os estabeleci­mentos devem ter, também, o certificad­o de salubridad­e, que lhes permite comerciali­zar os produtos de origem animal.

João de Carvalho informou que nenhum animal deve ser abatido para o consumo humano fora dos locais oficiais, como matadouros, porque nestes lugares eles são antes inspeccion­ados pelos técnicos dos serviços de veterinári­a.

“Há animais portadores de doenças transmissí­veis ao homem, como a tuberculos­e”, alertou.

O Instituto de Serviços de Veterinári­a (ISV) é a instituiçã­o que regula a actividade pecuária em todo o país, no que concerne à importação, produção de animais, sanidade animal, tráfego de animal de uma província para a outra e a saúde pública veterinári­a, como os casos de doenças de animais transmitid­as ao homem.

O objectivo da instituiçã­o é a defesa sanitária do país, em termos de sanidade animal.

Em caso de se confirmar que não dispõem de autorizaçã­o, João de Carvalho disse que a medida passa pelo encerramen­to dos estabeleci­mentos com apreensão de todos os produtos

 ?? AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Fachada de um dos talhos ilegais a funcionar na periferia de Luanda. As autoridade­s veterinári­as dizem desconhece­r
AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Fachada de um dos talhos ilegais a funcionar na periferia de Luanda. As autoridade­s veterinári­as dizem desconhece­r

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