Jovens que morreram carbonizados já sepultados
Os restos mortais dos jovens Isaquiel Lupassa, de 28 anos, e de Luís Evaristo José, 18, assassinados de forma cruel, no bairro Malueca, município do Cazenga, na madrugada de domingo, presumivelmente por cidadãos da África do Oeste, foram, ontem, sepultados no Cemitério de Viana, numa cerimónia carregada de dor e revolta.
Uma enorme multidão, constituída maioritariamente por jovens do bairro, entre parentes, amigos de infância e colegas de escola dos jovens assassinados, acompanhou a cerimónia fúnebre e pediu que se faça justiça.
No elogio fúnebre, foram destacadas as qualidades de Isaquiel Lupassa, que frequentava, no Bié, o segundo ano do curso de Direito, e de Luís Evaristo José. O estudante de Direito tinha regresso marcado para hoje àquela província.
A autoria do duplo assassinato é atribuída a um grupo de cidadãos da África do Oeste que decidiu fazer vigilância nocturna, alegadmente porque a sua comunidade tem sido, ultimamente, alvo de marginais no município do Cazenga, sendo as principais vítimas os proprietários de cantinas.
Os dois jovens em companhia de mais dois amigos foram interpelados por três indivíduos estrangeiros, quando regressavam de uma festa, no bairro dos Mulenvos, por volta das quatro horas da madrugada de domingo.
Os estrangeiros fizeram disparos e conseguiram apanhar Isaque Lupassa e Luís Evaristo José, que foram amarrados e colocados separadamente em pneus, aos quais foi ateado fogo depois de ter sido despejada gasolina sobre os dois jovens, cujos corpos foram encontrados pela população já carbonizados.
O duplo assassinato deixou a população de Malueca, do Distrito Urbano de Kima Kieza, em estado de choque. Sílvio Roberto, morador do bairro, disse esperar que o Serviço de Investigação Criminal (SIC) apresente os presumíveis autores do bárbaro assassinato. Catarina Neves, mãe de Isaquiel Lupassa, acusou a Comissão de Moradores de ter conhecimento da existência de “vigilantes muçulmanos” que fazem patrulhamento nocturno.
O coordenador da Comissão de Morador, Panzo Mutange, confirmou a existência de vigilantes, criado para ajudar a Polícia Nacional no patrulhamento do bairro. Panzo Mutange foi confrontado, na sede da Comissão de Moradores, por amigos das vítimas, com os nervos à flor da pele, que desejavam saber se era legal estrangeiros criarem equipas de vigilância.