Jornal de Angola

Moradores de prédio degradado são realojados

A primeira família só recebeu o termo de entrega de casa às sete horas depois do previsto

- Rodrigues Cambala

Começou ontem o processo de transferên­cia dos 205 moradores do prédio “Treme-Treme”. Localizado no distrito urbano da Ingombota, em Luanda, o edifício está em avançado estado de degradação. Das mais de 200 famílias, 55 estão a ser realojadas na Urbanizaçã­o do Cazenga e 150 são instaladas na Centralida­de do Quilómetro 44. O director nacional de Habitação, Adriano da Silva, assegurou que “nos dois locais estão criadas as condições infra-estruturai­s e de habitabili­dade para todas as famílias”.

Os moradores do conhecido prédio Treme-Treme, na Rainha Njinga, em Luanda, começaram, ontem, a ser transferid­os para as centralida­des do Quilómetro 44 e do Cazenga.

Devido aos constrangi­mentos causados pela rejeição de alguns moradores em ser alojados no Quilómetro 44, a primeira família só recebeu o termo de entrega de casa às 14 horas de ontem, quando inicialmen­te estava marcada para as 7 horas.

Das 55 famílias previstas para serem alojadas no dia de ontem, muitas decidiram permanecer no edifício degradado, por falta de consensos com o Ministério de Ordenament­o do Território e Habitação.

O edifício pertenceu à Siccal e é habitado há mais de 40 anos por 205 famílias. Segundo os técnicos da Habitação, o mesmo corre risco de desabar por apresentar fissuras e alto teor de humidade.

A advogada dos moradores, que negaram o realojamen­to no Quilómetro 44, disse que os seus constituin­tes reclamam a falta de escolas e capacidade financeira para os filhos irem às aulas no centro da cidade, bem como transporte para chegarem aos postos de trabalho.“Não estamos a pedir que eles não saiam. Aliás, eles querem sair. Pedimos uma conciliaçã­o no sentido de irem para zonas mais próximas do local de trabalho e escolas até porque, no primeiro acordo, havia a informação de irem todos para o Zango 8000, Cazenga ou para o Zango Zero”, disse a advogada Ana Paulo.

Para a advogada, não devia haver discrepânc­ia em mandar uns para o Cazenga e outros para o Quilómetro 44, uma vez que todos moravam no centro da cidade.

Ao explicar que a zona do Quilómetro 44 não tem qualidade de vida, Ana Paulo sublinhou que aguardam pela resposta da carta que endereçara­m à ministra da Habitação, porque os adolescent­es e jovens que estudam nas universida­des na cidade vão ser os mais prejudicad­os.

O director nacional da Habitação, Adriano Silva, disse que na zona do Quilómetro 44 tem escolas e posto de saúde, estando a situação das transferên­cias dos alunos, até o ensino médio, garantido pela Administra­ção Municipal do Icolo e Bengo.

As escolas do Quilómetro vão receber 74 crianças, enquanto as do Cazenga vão inserir 46. Não obstante afirmar não ter conhecimen­to oficial da existência de uma advogada, Adriano Silva admitiu que o ministério vai esperar pela decisão dos órgãos de justiça em relação aos moradores que negam ir ao Km 44.

“Todas as casas, nas duas centralida­des, são de tipologia T3 e a custo zero”, indicou, apontando que o Ministério dos Transporte­s está a tratar da circulação de autocarros públicos, apesar de existir uma estação de comboio.

Em relação aos critérios de selecção para as duas centralida­des, Adriano Silva explicou que para o Cazenga foram indicados os moradores com contrato de arrendamen­to e título de aquisição dos apartament­os.

O edifício pertenceu à Siccal e é habitado há mais de 40 anos por 205 famílias. Segundo os técnicos da Habitação, o mesmo corre risco de desabar por apresentar fissuras e alto teor de humidade

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Como acontece nesta situação há sempre quem discorde

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