A criminalidade ameaça todos
O reforço do patrulhamento nocturno em Viana, Cacuaco e Cazenga, zonas de Luanda consideradas críticas em termos de delinquência por parte da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) constitui uma medida acertada e oportuna. Para complementar os esforços da Polícia de Ordem Pública, cuja presença em zonas consideradas críticas, a entrada em cena da unidade de elite da Polícia Nacional pode contribuir para alcançar os objectivos relativos à redução e controlo da criminalidade.
Ultimamente, as populações de algumas zonas de Luanda conhecidas pelos topónimos “Papá Simão” e “Belo Monte”, apenas para mencionar estes, viveram cenas aterrorizadoras, que precisam da intervenção urgente da Polícia Nacional. Segundo alguns relatos colhidos pelos órgãos de comunicação social, a situação estava a tornar-se insustentável em matéria de segurança nalgumas artérias de determinados bairros de Viana, Cacuaco e Cazenga. Em algumas localidades, as pessoas andam condicionadas a sair ou a entrar em determinadas horas do dia, uma realidade inaceitável a todos os títulos. Os criminosos, por via da violência urbana e crime organizado, não podem condicionar o mínimo admissível nas comunidades, nomeadamente a livre circulação de pessoas e bens a qualquer hora do dia.
A iniciativa do Comando Geral da Polícia Nacional em reforçar as unidades de patrulhamento, com pessoal de algumas unidades, visando o combate contra o crime nas ruas de Luanda também constitui um passo importante. O aproveitamento desse pessoal, muitos deles a exercer tarefas burocráticas e menos exigentes relativamente à pressão que os focos de criminalidade impõem, neste momento, foi acertada. É completamente normal o seu desdobramento e acaba por custar menos relativamente a eventualidade de contratação e formação de novos agentes.
Não há dúvidas de que o patrulhamento apeado é das melhores vias para responder ao crime porque, como demonstra a experiência, a presença de agentes da polícia na rua é um grande factor inibidor do cometimento de crimes. Inclusive o ajuste de contas ou a realização da justiça por mãos próprias, muitas vezes um recurso usado por força da ausência ou reacção tardia das forças da ordem nas comunidades, também acabam por ser desencorajadas. É preciso que as comunidades, famílias e pessoas singulares colaborem com as forças da ordem, denunciando sempre todas as tentativas que atentem contra a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas. Para o sucesso da actual estratégia da Polícia Nacional, consubstanciada no reforço da acção interventiva nos bairros mais críticos da cidade de Luanda, nada melhor do que a colaboração dos residentes. A denúncia é uma ferramenta importante na prevenção e combate contra a criminalidade. Toda e qualquer tentativa de escamoteá-la, nalguns casos para não envolver pessoas próximas, constitui um erro grave na medida em que quem assim procede pode ela mesma, ele mesmo ou familiares inteiros serem as próximas vítimas.