Governo admite abusos contra líder separatista
O Governodos Camarões admitiu esta semana, pela primeira vez, que as forças de segurança deram “tratamento desumano”, durante a sua captura na região noroeste do país, a um elemento autoproclamado separatista, cujo nome foi omitido.
“Foi aberta uma investigação para identificar e punir, se for o caso, os autores desses actos contrários ao respeito dos direitos humanos”, declarou o ministro da Defesa, Joseph Beti Assomo. “Os efectivos desdobrados nesta região para combater os separatistas maltrataram e amarraram o opositor, que foi detido no passado fim de semana”, reconheceu o titular da Defesa à rádio estatal.
As acções violentas foram gravadas num vídeo publicado nas redes sociais, que mostra um momento em que agentes da segurança agridem o detido, quando este se encontrava deitado na lama. Os agentes estão “claramente fora das normas e técnicas legais em tais circunstâncias”, reconheceu o ministro, após um forte protesto online sobre a gravação em todo o país.
É a primeira vez que o governo, confrontado desde Outubro por elementos separatista das duas regiões anglófonas, reconhece os abusos das suas forças de segurança implantadas nestes territórios para controlar os protestos das suas comunidades.
Os Camarões sofrem actualmente uma situação de confrontos rotulados como “crise anglófona” nas regiões noroeste e sudoeste, onde os combates são quase diários entre as forças de segurança e separatistas armados.
Os secessionistas afirmam que a sua luta visa estabelecer uma república independente chamada Ambazonia.