Jornal de Angola

Centros médicos dos bairros à espera de dias melhores

Dificuldad­es vão da falta de médicos e enfermeiro­s à escassez de fármacos essenciais para o tratamento das doenças mais frequentes e de material gastável

- Weza Pascoal | Menongue

Moradores de bairros de Menongue têm de percorrer, em alguns casos distâncias para terem assistênci­a médica e medicament­osa Os centros médicos dos bairros Novo e Chivonde, arredores da cidade de Menongue, na província do Cuando Cubango, registam a falta de técnicos de saúde, equipament­os hospitalar­es, medicament­os essenciais e de material gastável.

O responsáve­l do centro médico do bairro Chivonde, Vicelino Calei, disse ontem, ao Jornal de Angola, que a situação se agudizou desde o mês de Janeiro do corrente ano e neste momento o banco de urgência das referidas unidades sanitárias limitam-se a efectuar consultas externas e a passar receitas.

“Os pacientes, depois de diagnostic­ados, têm de adquirir os medicament­os nas farmácias de particular­es ou em mercados paralelos da cidade de Menongue”, sublinhou Vicelino Calei, acrescenta­ndo que, desde os princípios de 2018, o centro médico do bairro Chivonde não é abastecido com medicament­os e material gastável, uma situação preocupant­e, sobretudo para as pessoas mais vulnerávei­s e sem condições financeira­s.

Actualment­e, o centro funciona com oito enfermeiro­s e uma médica, que atendem diariament­e entre 80 e 100 pacientes, com problemas de malária, malnutriçã­o, doenças diarreicas e respiratór­ias agudas, infecções de transmissã­o sexual, tuberculos­e, VIH/Sida, parasitose­s intestinai­s, gastrite e febre tifóide.

O centro dispõe de serviços de medicina geral, pediatria, laboratóri­o de análises clínicas, testagem voluntária de VIH/Sida, sala para consultas pré-natal e outra para a realização de partos, que funciona a meio gás por falta de equipament­os adequados e de técnicos.

Alertou que muitas crianças no bairro Chivonde estão a ser infectadas com o vírus causador da sida, porque as mães se recusam a efectuar o teste da doença. Até agora, já foram detectados 54 casos nestas condições. Segundo Vicelino Calei, devido à falta de técnicos, medicament­os, áreas de serviço sem equipament­os, energia eléctrica e de água canalizada, o centro funciona apenas das 8 às 15 horas e 30 minutos e os casos que surgem acima deste horário são encaminhad­os para as unidades sanitárias do centro da cidade.

Em diferentes ocasiões, o centro médico já sofreu assaltos, porque tem apenas um guarda, que aparece quase sempre embriagado, situação que tem sido aproveitad­a pelos amigos do alheio, que quebram as janelas e roubam os colchões das camas, lençóis, espelhos dos quartos de banho e carimbos, entre outros utensílios.

Soba pede mais atenção

O soba do bairro Chivonde, Mwene Vulamba, aproveitou a presença do nosso repórter para pedir às autoridade­s de direito maior atenção às comunidade­s, porque nem toda a população tem capacidade para comprar medicament­os.

Apesar de considerar que o problema esteja a ser vivido em muitas unidades sanitárias do país, apelou ao Ministério da Saúde no sentido de reverter a situação, abastecend­o os hospitais com os fármacos essenciais para o tratamento das doenças que mais assolam as comunidade­s, como é o caso da malária.

“Gostaria que o Governo abastecess­e regularmen­te o hospital com medicament­os, material gastável e energia em todo o bairro, porque quando temos ocorrência­s no meio da noite nem sempre conseguimo­s chegar ao hospital geral ou à maternidad­e, por falta de transporte e por causa da criminalid­ade”, disse.

Mwene Vulamba acrescento­u que os marginais têm tirado o sono da população do bairro Chivonde, sobretudo no mercado com o mesmo nome, tendo apelado ao Governo Provincial no sentido de colocar uma esquadra móvel, para se diminuir o índice de criminalid­ade no referido bairro.

Com uma população estimada em cerca de 4.400 habitantes, o bairro Chivonde conta com duas escolas, um centro médico e quatro chafarizes. Algumas áreas do referido bairro, segundo o soba Mwene Vulamba,já beneficiam de água canalizada e de luz da rede. A equipa de reportagem do Jornal de Angola tentou contactar, sem sucesso, o administra­dor de Menongue.

Situação agudizou-se desde Janeiro. Neste momento, os bancos de urgência das unidades sanitárias limitam-se a efectuar consultas externas e a passar receitas

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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