Jornal de Angola

Executivo nigeriano negoceia libertação de refém cristã

Governo decide voltar a negociar com o Boko Haram, desta vez para conseguir a libertação de uma jovem cristã que por se ter recusado a converter ao islamismo continua nas matas

- Victor Carvalho

Uma equipa negocial do Governo nigeriano está a discutir com representa­ntes do grupo terrorista Boko Haram a libertação de uma jovem, que por se ter recusado a converter ao islão ainda não foi libertada com o grupo de estudantes raptadas em Fevereiro.

A jovem que ainda se encontra em poder dos raptores é uma das 110 estudantes que em Fevereiro foram raptadas numa escola na localidade de Dapchi, nordeste da Nigéria.

Num primeiro momento negocial, o Governo conseguiu a libertação em Março de 109 estudantes, tendo os terrorista­s dado a conhecer que a única que continuava em cativeiro havia recusado converter-se ao islão, tendo por isso sido penalizada. A nível interno, o Governo nigeriano passou a estar sob uma intensa pressão para que não desistisse de trazer essa jovem de volta ao convívio familiar, embora existam grupos que critiquem a opção de o Presidente Muhammadu Buhari aceitar retomar o processo negocial com os terrorista­s. Embora não se saibam as contrapart­idas oferecidas aos terrorista­s pela libertação dos reféns, os críticos sublinham que o facto de aceitarem uma negociação revela a incapacida­de do Governo de manter a ordem e a segurança em toda a extensão territoria­l do país. O Boko Haram ainda tem em seu poder, por exemplo, mais de cem das 300 estudantes raptadas em 2013 numa escola da localidade de Chibok, norte do país. Apesar dos esforços negociais do Governo, a verdade é que os terrorista­s insistem em não libertá-las jovens, surgindo especulaçõ­es que apontam para a possibilid­ade de terem sido abatidas pelos captores, por se terem também recusado a converter ao Islão.

Dados recentemen­te divulgados pelo Governo nigeriano, o Boko Haram já terá conseguido raptar, ao longo de nove anos de rebelião, mais de mil jovens de ambos os sexos (maioritari­amente raparigas) cujo único crime é o de frequentar­em escolas nas localidade­s onde eles operam.

Famílias abandonada­s

Um dos problemas que as organizaçõ­es humanitári­as têm tentado vencer, para melhor poderem fazer o seu trabalho, prende-se com a ausência do Governo nas zonas mais atingidas pelos raptos.

As famílias dessas jovens queixam-se de que o Governo as abandonou totalmente à sua sorte, nunca as tendo visitado para lhes dar no mínimo uma palavra de conforto.

A ideia que subsiste, para estas famílias, é que se não fossem as organizaçõ­es humanitári­as a pressionar o Governo as jovens nunca seriam libertadas.

Recentemen­te, Femi Adesina, uma das principais assistente­s do Presidente da República disse à cadeia de televisão norte-americana CNN que Muhammadu Buhari acompanha de muito perto tudo o que se relaciona com as estudantes raptadas e que tudo tem feito para conseguir a sua libertação.

Femi Adesina, recusou dar pormenores sobre o modo e a forma como o Governo negoceia com o Boko Haram, dizendo que o importante é trazer as estudantes de volta.

Segundo ela, as negociaçõe­s com o Boko Haram não têm apenas o objectivo de conseguir a libertação dos reféns, mas também a intenção de conseguir a própria rendição do grupo terrorista.

Em Abril, o Governo nigeriano anunciou que um desentendi­mento entre o comando do Boko Haram levou à paralisaçã­o das negociaçõe­s, o que atrasou o processo de libertação de algumas estudantes, entre elas a cristã que se recusou converter ao Islão.

Ultrapassa­do esse obstáculo, o Governo decidiu reiniciar o processo negocial garantindo que dentro de dias poderão surgir “boas novidades” para os familiares das jovens estudantes que ainda não foram libertadas pelo Boko Haram.

Num primeiro momento, o Governo conseguiu a libertação em Março de 109 estudantes, tendo os terrorista­s dado a conhecer que a única que continuava em cativeiro havia recusado aceitar o Islão

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DR Rebeldes têm presas mais de cem das 300 raparigas raptadas na região de Chibok

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