Ambiente de negócios está melhor
Consultora considera, em carta aos investidores, que o potencial de crescimento económico do país está cada vez mais promissor, devido às reformas levadas a cabo pelo actual Governo
O crescimento dos empréstimos bancários em Angola, iniciado em Dezembro do ano passado, deve ser entendido como um bom sinal e prova que “o pior já passou” para o sector financeiro, consideram os consultores da BMI Research, associada da companhia de classificação de risco Fitch, numa nota enviada segunda-feira aos investidores. “O regresso do crescimento do crédito concedido em terreno positivo no final de 2017 mostra que o pior já passou para o sector bancário angolano e acreditamos que a recuperação económica vai continuar nos próximos trimestres”, lê-se numa análise à banca de Angola.
A consultora BMI Research, associada da companhia de classificação de risco Fitch, considera que o crescimento dos empréstimos bancários em Angola mostra que “o pior já passou” para o sector Financeiro, mas alertou que a recuperação será lenta devido ao crédito malparado e à política monetária restritiva.
“O regresso do crescimento do crédito concedido em terreno positivo no final de 2017 mostra que o pior já passou para o sector bancário angolano e acreditamos que a recuperação vai continuar nos próximos trimestres”, lê-se numa análise à banca angolana.
No documento, enviado aos investidores, os analistas escrevem que “o potencial de crescimento económico do país está cada vez mais promissor devido às reformas em curso, que deverão melhorar o ambiente empresarial e atrair investimento”, declara o documento.
As reformas, acrescentam os analistas, “deverão acelerar o crescimento económico e aumentar a procura de crédito e outros serviços bancários, além de terem um impacto positivo no ambiente de operação dos próprios bancos.”
A BMI prevê um aumento do crescimento dos empréstimos a clientes na ordem dos 10 por cento neste e no próximo ano, ao passo que os depósitos deverão aumentar 12 por cento.
Depois de se ter contraído nos 11 meses terminados em Dezembro do ano passado, o sector bancário angolano entrou em “modo de recuperação com o crédito a crescer e deverá manter-se assim nos próximos meses”, estimam os analistas da BMI Research.
Previsão adversa
Ao contrário desta e das previsões do FMI, as Nações Unidas reviram em baixa a previsão de crescimento de Angola para este ano, de 2,7 para 2,00 por cento, devido à dependência da economia do petróleo, cuja subida de preço não deve compensar a descida da produção.
“O PIB de 2018, em Angola, foi revisto em baixa para 2,00 por cento nesta edição do relatório sobre a Situação Económica Mundial, comparado com 2,7 por cento anteriormente, no seguimento de vários dados recentes, incluindo o facto de que o PIB em 2017 cresceu apenas 1,00 por cento”, informou a analista de assuntos económicos de África nas Nações Unidas, citada pela imprensa internacional.
A economia angolana “continua bastante dependente das exportações de petróleo, que por sua vez, dependem do preço internacional e do volume de produção no país”, vincou Helena Afonso, notando que “apesar do país estar a beneficiar de um aumento moderado no preço, a produção continua a diminuir , e com ela a escassez de moeda estrangeira, a qual prejudica o sector das importações”.
BMI prevê um aumento do crescimento dos empréstimos a clientes na ordem dos 10 por cento neste e no próximo ano
Para a economista que é responsável pelo acompanhamento das economias africanas nas Nações Unidas, “a rápida desvalorização do kwanza no final de 2017 continua este ano e contribui para o elevado nível de inflação”, sendo que “o influxo de migrantes da República Democrática do Congo constitui um desafio acrescido para o país”.
No entanto, admitiu, “uma continuação da subida do preço do petróleo pode suscitar uma revisão em alta do crescimento, nas próximas previsões” sobre Angola.
Perspectiva institucional
Na sexta-feira, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos declarou que o Governo adoptou, nos últimos seis meses, cinco diplomas para viabilizar as actividades de prospecção e exploração de petróleo e simplificar os procedimentos administrativos para o investimento nesse domínio como parte de um pacote tendente a travar o declínio da produção.
Diamantino Azevedo fez estas declarações em Porto Amboim, onde participou no I Conselho Consultivo do Ministério da Indústria e anunciou os planos do Governo, para até ao fim da legislatura, em 2022, assegurar com base naqueles instrumentos de facilitação que a produção de petróleo não baixa para menos de 1,5 milhões de barris por dia (bpd), uma vez que Angola tem compromissos com a OPEP para injectar 1,6 milhões de bpd.