Política externa avaliada em Luanda
A reunião, cuja cerimónia de abertura é orientada pelo Presidente João Lourenço, tem grande foco na diplomacia económica seguida pelo Executivo, procurando melhorar a imagem externa do país
O Ministério das Relações Exteriores realiza, de hoje, até sexta-feira, em Luanda, uma reunião com os embaixadores e chefes de missões diplomáticas espalhadas pelo mundo.
O Ministério das Relações Exteriores (Mirex) realiza de hoje até sexta-feira, em Luanda, uma reunião com todos os embaixadores e chefes de missões diplomáticas espalhadas pelo mundo, para avaliar o trabalho desenvolvido e perspectivar acções político-diplomáticas e de cooperação internacional.
A reunião, a ser aberta pelo Presidente João Lourenço, tem como tema “Política Externa de Angola - estratégia de inserção no contexto internacional actual” e vai dedicar grande atenção às questões económicas e financeiras.
O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, considerou ontem que o encontro é um fórum importante para a acção da diplomacia angolana. "Queremos que, como primeira reunião no nosso mandato, reflicta algumas das novas linhas que queremos implementar na execução da política externa de Angola", disse o ministro em declarações à Rádio Nacional de Angola. Manuel Augusto apontou como temas a discussão das linhas mestras da política externa angolana, a estratégia da política externa angolana e também a adaptação dessa estratégia à nova realidade e aos novos desafios do Executivo angolano.
O encontro tem ainda um grande foco na diplomacia económica seguida pelo Executivo, procurando melhorar a imagem do país para atrair maior e melhor investimento estrangeiro, além dos tradicionais e nas áreas já comuns, como sejam a indústria petrolífera e os diamantes.
A ideia, soube-se, é influenciar uma actividade que seja virada para a captação de investidores, públicos e privados, que possam ajudar a implementar o programa de diversificação da economia, projectando o desenvolvimento de Angola.
Durante três dias, os embaixadores vão ter sessões temáticas que visam a melhoria do funcionamento das missões diplomáticas, nomeadamente nas questões que têm a ver com a melhor gestão económica e financeira, numa altura em que se anuncia o encerramento de alguns postos, face não apenas à situação financeira, mas também à reavaliação das prioridades da política externa de Angola.
Um dos temas tem a ver com a gestão financeira das missões, no qual se espera venham a ser preponderantes as explicações que o Tribunal de Contas, enquanto órgão fiscalizador, fará aos diplomatas, no sentido do cumprimento da probidade pública, tido como um dos problemas de que enfermam as representações diplomáticas de Angola.
O encontro, reservado exclusivamente a embaixadores e chefes de missões diplomáticas, aborda também temas que têm a ver com a emigração e com os serviços de inteligência.
A reunião, que é a oitava, é a primeira do novo governo liderado pelo Presidente João Lourenço, que defende uma diplomacia económica, focada na atracção de investimento privado para o país e na expor- tação dos produtos locais. No seu discurso de investidura, o Presidente João Lourenço falou da necessidade de “reanalisar o papel a assumir por Angola na actual conjuntura regional e internacional, dando primazia aos contactos com os parceiros interessados, reforçando a participação das representações diplomáticas angolanas na captação do investimento estrangeiro e na promoção do acesso ao conhecimento científico, técnico e tecnológico, contribuindo para que os empresários e industriais angolanos estejam mais presentes em África, com uma maior aposta no comércio regional e na produção interna para exportação”.
Quanto à diplomacia económica, o Presidente da República disse que é uma das mais importantes vertentes da política externa de Angola, “quer ao nível estritamente económico e comercial do relacionamento bilateral, regional e multilateral, quer na promoção da imagem do país no exterior, tanto de expectativa da exportação de bens e serviços, como na captação de investimento directo estrangeiro”.
A reunião ocorre numa altura em que se regista alterações na diplomacia angolana, com ênfase para o encerramento de algumas missões diplomáticas e consulares e a aposentação de vários diplomatas. Uma proposta de racionalização das missões diplomáticas angolanas recomendava, em Janeiro, a extinção de nove embaixadas, 18 consulados e 10 representações comerciais.
Reunião discute estratégia da política externa angolana e a adaptação dessa estratégia à nova realidade e aos novos desafios do Executivo angolano