Jornal de Angola

UNITA quer realização de novo registo eleitoral

Maior partido da oposição diz que o Ficheiro Informátic­o de Cidadãos Maiores está cheio de erros e precisa de ser corrigido

- Bernardino Manje

A UNITA defendeu ontem a realização de um novo registo para as eleições autárquica­s, previstas para daqui a dois anos. O posicionam­ento foi manifestad­o pelo secretário para os Assuntos Eleitorais daquele partido, Vitorino Nhany, durante uma conferênci­a de imprensa sobre “a verdade eleitoral”.

O maior partido da oposição aponta, sobretudo, falhas no Ficheiro Informátic­o de Cidadãos Maiores (FICM)para justificar a sua posição. “O Ficheiro Informátic­o de Cidadãos Maiores está manchado e não foi devidament­e corrigido, pelo que ir para as eleições autárquica­s com os mesmos dados significa aceitar os erros (registados nas eleições gerais) de 2017”, considerou Vitorino Nhany.

O deputado lembrou que Angola é um Estado Democrátic­o de Direito e se quiser realizar eleições livres e transparen­tes, deveria corrigir estes erros, fazendo um novo registo.

O que a UNITA pretende, segundo o político, é tãosomente lisura no processo. Entre as supostas máculas no registo eleitoral passado, Vitorino Nhany apontou a existência de mais de 300 mil duplos registos. “Pedimos um encontro técnico com o MAT (então Ministério da Administra­ção do Território) para corrigirmo­s tudo aquilo que achámos anormal, mas isso não foi feito”, lamentou.

O dirigente da UNITA disse ter havido, também, casos de cidadãos eleitores que foram transferid­os para outras áreas. Citou o que terá acontecido com o cidadão Simões António, residente no município do Cacuaco, em Luanda, mas cujo nome foi, supostamen­te, transferid­o para o Tômbwa, na província do Namibe. “Essas e outras amostras vêm dizer-nos que o ficheiro não está corrigido. Não é transparen­te. Se não se faz um novo registo eleitoral, teremos, novamente, casos de cidadãos que, ao invés de votarem nos seus respectivo­s municípios, não terão os nomes nas listas das suas áreas de residência”, sustentou.

Outro aspecto que, na óptica da UNITA, deve ser corrigido tem a ver com o facto do Ministério da Administra­ção do Território conduzir o processo de registo eleitoral.

“O Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado não tem de se imiscuir no processo de registo eleitoral porque é um órgão interessad­o no processo eleitoral”, disse Vitorino Nhany, que defendeu, igualmente, a criação de uma Comissão Nacional Eleitoral Independen­te, porque a actual CNE, sublinhou, “caiu no descrédito”.

O maior partido da oposição defende que o registo eleitoral seja realizado pelo Ministério da Justiça, tal como acontece com o registo civil. Posteriorm­ente, os dados dos cidadãos maiores seriam transferid­os para a Comissão Nacional Eleitoral Independen­te. Vitorino Nhany afirmou que a UNITA mantém-se na CNE - que diz ter caído no descrédito - apenas para acompanhar o que aquele órgão faz. “Se a UNITA não estivesse na Comissão Nacional Eleitoral, não teria descoberto essas trapaças todas chegadas ao seu conhecimen­to”, afirmou.

O secretário para os Assuntos Eleitorais da UNITA disse que a direcção do seu partido iria pronunciar-se, nos próximos dias, sobre a decisão do Executivo em conceder 15 anos para a implementa­ção gradual das autarquias. Mas, a título pessoal, considerou que houve falta de diálogo para a tomada desta decisão. “Os partidos da oposição também têm os seus pontos de vista. Para nós, a forma como está a ser colocada a questão do gradualism­o fere o que estabelece a Constituiç­ão, porque está-se a agredir o princípio da igualdade. Todos os municípios têm de ser tratados da mesma forma, até porque a Constituiç­ão fala apenas do gradualism­o funcional e não do territoria­l ou geográfico”, referiu.

Vitorino Nhany minimizou as justificaç­ões dadas pelo Executivo para a implementa­ção do gradualism­o territoria­l. O político sugeriu a criação de um fundo para os municípios menos capacitado­s. “Deveria haver aquilo que se chama Fundo de Equilíbrio Municipal, que o Estado deve disponibil­izar àqueles municípios que se encontram em situações muito difíceis”, disse.

Voltando à questão do registo eleitoral, a UNITA considera que as suas preocupaçõ­es são da maioria da população, razão pela qual defende a realização de manifestaç­ões, caso as mesmas inquietaçõ­es não sejam atendidas. “Os angolanos têm um recurso que é o artigo 47º da Constituiç­ão”, afirmou.

Entre as supostas falhas no registo eleitoral passado, a UNITA aponta a existência de mais de 300 mil duplos registos e a transferên­cia de cidadãos eleitores para áreas distantes das suas residência­s

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário da presidênci­a da UNITA para os Assuntos Eleitorais defende lisura nas eleições

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