CARTAS DOS LEITORES
Crédito malparado
Tenho lido notícias relacionadas com a situação daquele que já foi o maior banco público do país, o BPC (Banco de Poupança e Crédito). Sei que este banco passa actualmente por muitas dificuldades em virtude de ser muito elevado o crédito malparado . Há quem andou a tomar de empréstimo muitos milhões e não quer pagar, prejudicando um banco que é sustentado com dinheiro do Estado , ou seja, dos contribuintes angolanos. Também sei que há um esforço para recuperar o crédito malparado , mas gostava que houvesse mais informações sobre quem afinal levou aquele banco à situação em que se encontra. É justo que os angolanos saibam o que realmente aconteceu naquele banco público em termos de concessão de crédito. As perguntas que muitos fazem são estas: como era gerido o BPC ? Quem são os devedores que tomaram de empréstimos muitos milhões de kwanzas e que agora não têm capacidade de os devolver ao banco? O que fizeram do dinheiro que pediram emprestado ao banco? Em que termos contratuais é que os devedores tomaram de empréstimo muito dinheiro do banco? Ouço muitas vezes dizer que o processo de recuperação do crédito malparado é complexo. Que nos digam a nós, contribuintes, onde reside a complexidade no processo de recuperação do crédito malparado. Tenho conhecimento de que os pobres que pediam empréstimos ao BPC para resolver problemas básicos como a alimentação ou a compra de livros para os filhos pagarem as suas dívidas . Os pobres geralmente são muito honestos. Por que razão uma pessoa, que é supostamente rica, pede milhões de kwanzas ao banco e se recusa a pagar o que deve ?
As autarquias
É importante que os cidadãos saibam que o são autarquias e a sua importância na vida nacional. Os cidadãos devem saber que o poder autárquico pode resolver muitos dos seus problemas. Que os partidos políticos tomem iniciativas no sentido de explicar aos cidadãos as vantagens em termos no país um poder autónomo. Penso que os meios de comunicação social deviam ter programas específicos sobre as autarquias locais, recorrendo a experiências de outros países de diferentes continentes. O poder autárquico é um assunto que deve merecer muita atenção. Sei que muitos políticos de outros países passaram pelas autarquias antes e assumirem altos cargos ao nível do Estado, como o de primeiro ministro ou de Presidente da República. O desenvolvimento do país passa pela institucionalização do poder autárquico. Se tivermos autarquias num vasto território como é o nosso, poderemos resolver muitos dos nossos problemas económicos e sociais. As autarquias terão meios para realizar acções que vão no sentido da promoção do bem-estar de milhões de cidadãos. As eleições autárquicas vão permitir que o povo escolha os cidadãos que achar estarem de facto em condições de resolver os seus problemas. O povo quer escolher directamente cidadãos honestos e competentes
Aprender com outros
Penso que os governantes angolanos devem ter a humildade para aprender com o que outros governos de África africanos ou de outros continentes fizeram bem. Há coisas que já foram inventadas e só precisamos de verificar se o que os outros fizeram bem se adaptam à nossa realidade. E acho que muita coisa boa que é feita noutros países do mundo pode ser adaptada à nossa realidade. Temos de deixar a mania de pensarmos que somos gigantes, mas que muitas vezes não somos capazes de resolver problemas básicos. A humildade não fica mal a ninguém. Quem gosta de aprender com os que mais sabem comete poucos erros. E nós precisamos muito de aprender com os outros, mesmo no continente africano. Temos por exemplo de conhecer a experiência do Ruanda que , segundo amigos meus que visitram este país, é muito organizado e onde o dinheiro público é bem gasto.Em África podemos colher boas experiências e melhorar a nossa vida. Vale a pena aprender também com os nossos irmãos africanos.