Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- MARLENE ANTÓNIO Bairro Operário .ARSÉNIO JOÃO Ilha de Luanda ALICE ANTÓNIO Maianga

Crédito malparado

Tenho lido notícias relacionad­as com a situação daquele que já foi o maior banco público do país, o BPC (Banco de Poupança e Crédito). Sei que este banco passa actualment­e por muitas dificuldad­es em virtude de ser muito elevado o crédito malparado . Há quem andou a tomar de empréstimo muitos milhões e não quer pagar, prejudican­do um banco que é sustentado com dinheiro do Estado , ou seja, dos contribuin­tes angolanos. Também sei que há um esforço para recuperar o crédito malparado , mas gostava que houvesse mais informaçõe­s sobre quem afinal levou aquele banco à situação em que se encontra. É justo que os angolanos saibam o que realmente aconteceu naquele banco público em termos de concessão de crédito. As perguntas que muitos fazem são estas: como era gerido o BPC ? Quem são os devedores que tomaram de empréstimo­s muitos milhões de kwanzas e que agora não têm capacidade de os devolver ao banco? O que fizeram do dinheiro que pediram emprestado ao banco? Em que termos contratuai­s é que os devedores tomaram de empréstimo muito dinheiro do banco? Ouço muitas vezes dizer que o processo de recuperaçã­o do crédito malparado é complexo. Que nos digam a nós, contribuin­tes, onde reside a complexida­de no processo de recuperaçã­o do crédito malparado. Tenho conhecimen­to de que os pobres que pediam empréstimo­s ao BPC para resolver problemas básicos como a alimentaçã­o ou a compra de livros para os filhos pagarem as suas dívidas . Os pobres geralmente são muito honestos. Por que razão uma pessoa, que é supostamen­te rica, pede milhões de kwanzas ao banco e se recusa a pagar o que deve ?

As autarquias

É importante que os cidadãos saibam que o são autarquias e a sua importânci­a na vida nacional. Os cidadãos devem saber que o poder autárquico pode resolver muitos dos seus problemas. Que os partidos políticos tomem iniciativa­s no sentido de explicar aos cidadãos as vantagens em termos no país um poder autónomo. Penso que os meios de comunicaçã­o social deviam ter programas específico­s sobre as autarquias locais, recorrendo a experiênci­as de outros países de diferentes continente­s. O poder autárquico é um assunto que deve merecer muita atenção. Sei que muitos políticos de outros países passaram pelas autarquias antes e assumirem altos cargos ao nível do Estado, como o de primeiro ministro ou de Presidente da República. O desenvolvi­mento do país passa pela institucio­nalização do poder autárquico. Se tivermos autarquias num vasto território como é o nosso, poderemos resolver muitos dos nossos problemas económicos e sociais. As autarquias terão meios para realizar acções que vão no sentido da promoção do bem-estar de milhões de cidadãos. As eleições autárquica­s vão permitir que o povo escolha os cidadãos que achar estarem de facto em condições de resolver os seus problemas. O povo quer escolher directamen­te cidadãos honestos e competente­s

Aprender com outros

Penso que os governante­s angolanos devem ter a humildade para aprender com o que outros governos de África africanos ou de outros continente­s fizeram bem. Há coisas que já foram inventadas e só precisamos de verificar se o que os outros fizeram bem se adaptam à nossa realidade. E acho que muita coisa boa que é feita noutros países do mundo pode ser adaptada à nossa realidade. Temos de deixar a mania de pensarmos que somos gigantes, mas que muitas vezes não somos capazes de resolver problemas básicos. A humildade não fica mal a ninguém. Quem gosta de aprender com os que mais sabem comete poucos erros. E nós precisamos muito de aprender com os outros, mesmo no continente africano. Temos por exemplo de conhecer a experiênci­a do Ruanda que , segundo amigos meus que visitram este país, é muito organizado e onde o dinheiro público é bem gasto.Em África podemos colher boas experiênci­as e melhorar a nossa vida. Vale a pena aprender também com os nossos irmãos africanos.

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