Irão denuncia “arrogância” e ameaça com acções legais
Governo de Teerão condena ingerência nos assuntos internos e promete “derrotar novas intrigas” de Washington
O Governo do Irão considerou ontem as declarações do novo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, de “infundadas, arrogantes, insultuosas e intervencionistas”, e advertiu que “reserva-se o direito de empreender acções legais”.
Num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, a República Islâmica considera as condições apresentadas por Pompeo “uma grande ingerência nos assuntos internos e uma ameaça ilegal contra um membro das Nações Unidas”.
Além disso, o Ministério iraniano afirmou que as declarações do secretário americano são, também, “uma tentativa covarde de desviar a atenção da opinião pública mundial para o movimento ilegal de Washington (sua saída unilateral do acordo nuclear de 2015) e para a violação das obrigações derivadas do pacto”.
O Presidente americano, Donald Trump, anunciou no passado dia 8 a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irão, que também foi assinado pela Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, e que vai voltar a impor sanções contra a República Islâmica.
Num discurso em que apresentou a nova estratégia dos Estados Unidos da América após a retirada do acordo nuclear com o Irão, o secretário de Estado norteamericano enumerou 12 condições severas que considera que devem constar num tratado com Teerão que substitua o acordo assinado em 2015, com a Administração de Barack Obama.
A Casa Branca exige, entre outros aspectos, que o Irão acabe “permanentemente” com o enriquecimento de urânio, o seu programa de mísseis balísticos e o seu envolvimento em alguns conflitos no Médio Oriente. Em troca, os EUA declaram-se prontos para levantar as suas sanções.
Mike Pompeo declarou que os EUA não pretendem renegociar o acordo nuclear assinado com o Irão e outras cinco potências em 2015 e preferem alcançar “um tratado” com Teerão que seja ratificado pelo Congresso norteamericano, de forma a garantir a sua permanência. O Irão não terá “nunca mais carta branca para dominar o Médio Oriente”, acrescentou o secretário de Estado norte-americano.
O governante norte-americano afirmou que os EUA querem garantir que o Irão “não tenha qualquer acesso a armas nucleares”, acrescentando: “estas serão as maiores sanções da história.”
Pompeo assegurou também que Washington vai aplicar uma “pressão financeira sem precedentes” para forçar Teerão a regressar às negociações.
Em resposta a essas declarações, Teerão afirmou que os “EUA ao violarem todas as suas obrigações políticas, legais e internacionais, não estão em condições de impor exigências ao Irão, país que cumpriu os seus compromissos (com o acordo nuclear)”.
Além disso, Teerão afirmou, na nota oficial, que os EUA “não têm o direito de dizer ao Irão que políticas deve ou não adoptar na sua própria região” e avançou que as crises no Iraque, na Síria, no Líbano, no Iémen e no Afeganistão “têm origem na ingerência de Washington e dos governos ditatoriais medievais dos seus aliados”, numa alusão à Arábia Saudita.
“Aconselhamos aos altos funcionários dos EUA (...) que deixem de adoptar medidas e políticas intervencionistas e fracassadas, aparentemente dirigidas a abrir uma lacuna entre o povo iraniano e o sistema da República Islâmica”, acrescentou o comunicado do ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros.
O Governo iraniano advertiu que o seu povo “saiu vitorioso de todas as conspirações perversas dos EUA e dos seus aliados” e fará com que “as novas tramas também sejam derrotadas”.
Num comunicado, a diplomacia iraniana considera as condições apresentadas por Mike Pompeo “uma grande ingerência”